O governo suíço recentemente proibiu a prática culinária bastante comum de cozinhar lagostas ainda vivas em água fervente. De acordo com a emissora pública suíça RTS, a nova medida exige que as lagostas sejam “atordoadas previamente”, seja por choque elétrico ou por uma “destruição mecânica” do cérebro antes de serem fervidas. No entanto, isso levanta algumas questões interessantes. Afinal, por que as lagostas são tradicionalmente cozidas ainda vivas? Não seria mais prático matá-las antes de levar para a panela?
Pois bem, as lagostas geralmente são cozidas ainda vivas porque esses animais possuem bactérias nocivas naturalmente presentes em sua carne. Uma vez que a lagosta esteja morta, essas bactérias podem se multiplicar rapidamente e liberar toxinas que podem não ser destruídas pelo simples cozimento. Portanto, você pode minimizar a chance de adquirir uma grande intoxicação alimentar ao jogá-las ainda vivas na panela com água fervente.
Na prática, isso é ótimo para nós, mas e para a lagosta? Muitas pessoas de várias partes do mundo já se pronunciaram ser contra essa técnica, considerando-a bastante “antiética” e “cruel”. No entanto, tem sido argumentado por alguns cozinheiros que as lagostas não possuem um cérebro como o nosso, de modo que elas basicamente não podem sentir dor. Olhando por esse lado, é até justo dizer que as lagostas não são auto-conscientes da mesma forma que nós, só que na prática elas reagem ao dano tecidual tanto fisicamente quanto hormonalmente, dando a entender que elas são capazes de detectar a dor em algum nível. Na verdade, o hormônio que elas liberam na corrente sanguínea, o cortisol, é o mesmo que os humanos produzem quando sofrem algum machucado. Mas o sinal mais visível da angústia de uma pobre lagosta é o seu rabo que se contorce como um tipo de “reflexo de fuga” durante o cozimento.
Esse fato ainda gera tanta controvérsia que até já virou tema de debates entre legisladores de vários países. Além da Suíça, Noruega, Áustria, Nova Zelândia e alguns territórios australianos já impõem restrições ao preparo tradicional das lagostas. Além dessas nações, algumas cidades na Alemanha e na Itália também já proibiram explicitamente a prática do cozimento de lagostas vivas em água fervente.
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