No mundo moderno, a barba é uma verdadeira tendência. Porém, durante parte da história, ela ficou fora de moda. De fato, em determinados momentos, os homens que tinham pelos faciais foram considerados lunáticos, hereges e nada higiênicos. No entanto, nada se compara ao que ocorreu na Inglaterra do século XVI, durante o reinado do rei Henrique VIII.

Nesse período, foi aprovada uma lei dizendo que todos os homens estariam proibidos de usar barba. A lei atingia a todos, exceto o rei, alguns amigos íntimos e líderes da Reforma Protestante, que continuariam a cultivar barbas tão grandes quanto possível. Para o rei Henrique, era um privilégio desfrutar de uma barba enquanto outros eram obrigados a pagar impostos para ostentar seus pelos faciais.

A lei não durou muito, mas a opinião pública já estava moldada e definida. Por conta disso, aos olhos de muitos, a barba tornou-se uma característica malvista, tanto é que culminaria na prisão de um homem muitos anos mais tarde nos Estados Unidos.

Em meados de 1830, um veterano de guerra de No Town, um pequeno povoado no estado americano de Massachusetts, vivia tranquilamente cuidando de suas terras. No entanto, hoje ele é lembrado como um homem que foi preso por proteger o direito fundamental de escolher ser diferente. Seu nome era Joseph Palmer e ele foi preso por simplesmente ter barba, ou para ser mais preciso, por protegê-la.

Joseph Palmer e os problemas enfrentados por ter barba

Ter barba já foi motivo para prisão

Depois de batalhar na Guerra Anglo-Americana de 1812, Joseph Palmer se isolou da sociedade para viver uma vida calma e pacífica como agricultor. Influenciado por um pregador itinerante gentil e barbudo que conhecia desde a infância, Palmer começou a ostentar uma barba que ficou excessivamente longa com o passar dos anos. Como as barbas na época eram muito pouco convencionais, Palmer passou a ser considerado desajeitado e bastante excêntrico.

Apesar de ser constantemente ridicularizado, o homem era assertivo em sua escolha. Ele simplesmente insistia em continuar a ter barba. Quando o pastor local lhe pedia para “fazer a barba para não sair parecendo com o diabo”, ele respondia com audácia: “Se bem me lembro, Jesus usava uma barba não muito diferente da minha”.

Cinco anos depois, alguns dos habitantes locais que estavam insatisfeitos com o rosto barbudo decidiram atacar o homem do nada. Basicamente, o objetivo era raspar a barba e “limpar a sua alma” de uma vez por todas. Ainda assim, por ser um homem forte, Palmer conseguiu repelir o ataque esfaqueando dois dos agressores nas coxas. No entanto, isso lhe causaria problemas ainda maiores.

Apesar de Joseph Palmer ter apenas se defendido, ele era impopular entre as pessoas da cidade. Desse modo, em uma reviravolta provocada por testemunhos falsos, ele acabou sendo julgado e condenado a pagar indenizações aos esfaqueados ou servir quase um ano e meio na cadeia de Worcester County. Como Palmer se considerava inocente, ele se recusou a pagar a quantia e foi jogado atrás das grades como resultado.

A busca pelo direito de ter barba

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Ao ser encarcerado, Joseph Palmer passou a escrever um diário elaborado de sua vida cotidiana na prisão. Visto como um vagabundo e um lunático no mundo exterior, Palmer era tratado da mesma forma dentro dos muros da prisão. Na cadeia, seus critérios sociais eram  malvistos por carcereiros sádicos que tentavam de tudo para denegrir seus hábitos não muito ortodoxos.

Apesar de ter sido espancado quase até a morte em muitas ocasiões e deixado em confinamento solitário muitas vezes, ele se manteve firme. De fato, ele manteve seus ideais até mesmo durante os momentos em que outros presos o alvejaram e tentaram raspar sua barba. No entanto, como você já deve ter adivinhado, Palmer tornou as vidas dos seus rivais mais difíceis que a dele.

Com o passar do tempo, os presos conheceram melhor o homem por trás daquela barba enorme e passaram a respeitá-lo depois de ver que ele estava disposto a fazer qualquer coisa para protegê-la. Além disso, ele sempre escrevia cartas ao xerife de Worcester Country, não para pedir sua libertação, mas para melhorar as condições de vida na prisão, que não eram habitáveis ​​por qualquer meio. No fim das contas, essa ação agradou os prisioneiros consideravelmente.

Em determinado momento, a insistência de Palmer em ter o direito de ostentar sua barba chegou ao ponto em que o mesmo juiz que o colocara atrás das grades o implorou que ele pagasse uma pequena quantia para assinar sua liberação. Palmer só veio a aceitar pagar a multa quando  recebeu uma carta escrita de sua mãe, que tinha 80 anos na época. Na carta, ela pedia para que o filho pagasse a fiança e voltasse para casa.

O legado de Joseph Palmer

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Depois de 15 meses, Joseph Palmer finalmente saiu da prisão, com a barba intacta. Curiosamente, o legado de Palmer foi tão grande que se tornou um símbolo da luta implacável pela liberdade. De certo modo, as amizades honestas que ele compartilhou com figuras estimadas, como Ralph Waldo Emerson, Henry David Thoreau e Louisa May Alcott, tornaram-se testemunhos reais de seus ideais.

Também vale a pena mencionar que, durante o seu “reinado”, as barbas voltaram à popularidade no país. De fato, anos mais tarde, o primeiro presidente dos Estados Unidos viria a ser um barbudo (Abraham Lincoln).

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