Depois de retornar de uma longa caminhada ou ao terminar uma sessão de treinos e exercícios, a maioria das pessoas adora se refrescar com um copo de água gelada. De fato, nada consegue saciar a nossa sede com tanta eficácia como este líquido fundamentalmente importante, não é mesmo?

Mas o que é mais interessante nisso tudo é que se alguém lhe der um copo de água morna nos seus momentos de pura sede, muito provavelmente você não gostará do sabor. Por outro lado, se alguém colocar gelo nesse copo, o sabor da água parece mudar instantaneamente, ficando bem mais agradável.

Então, qual é a razão por trás dessa mudança de gosto que acompanha a variação de temperatura da água? Isso só acontece com algumas pessoas ou é algo realmente comum para todos? Se você já pensou nessas questões e quer saber as respostas, você está no lugar certo, pois finalmente chegou a hora de descobrirmos os segredos em torno da estranha relação entre a temperatura e o sabor da água.

Antes, uma pequena aula sobre o nosso paladar

Por que gostamos tanto de beber água gelada?

Na escola, todos nós aprendemos sobre os cinco sentidos que o corpo humano possui, sendo o paladar um deles. Nós também aprendemos sobre as características da língua, que é um órgão sensorial que conta com milhares de papilas gustativas que ajudam a detectar diferentes sabores. Mas você já parou para pensar no que exatamente é o “gosto”? Seria isso algum tipo de sensação, uma reação química ou um truque da mente?

Bem, a palavra “gosto” geralmente tende a se referir às sensações desenvolvidas pelas células gustativas na parte da frente, nas costas e nos lados de nossa língua quando as moléculas das comidas ou bebidas consumidas se ligam a essas células e enviam sinais para nosso cérebro. Assim, o gosto pode ser considerado uma mistura de diferentes reações químicas que ocorrem na nossa língua.

Compreendendo como a língua consegue identificar diferentes sabores

Por que gostamos tanto de beber água gelada?

Diferentes sabores, como salgado, azedo e doce, são consequentemente sentidos de forma diferente. A salinidade, por exemplo, é detectada pelas células receptoras gustativas que respondem principalmente ao cloreto de sódio e a outros sais similares. Certas proteínas presentes nas membranas celulares dessas células atuam como canais (como os canais de sódio epiteliais) ao mesmo tempo em que permitem que o cloreto de sódio “entre” nas células, liberando neurotransmissores que transmitem a sensação aos axônios (células nervosas que transportam impulsos elétricos).

Curiosamente, a gordura também é sentida de uma maneira que afeta diretamente os tais canais iônicos. As proteínas de certos ácidos (ácido cítrico ou ácido acético) entram via canais de sódio ou potássio e logo dão início uma resposta celular. A amargura dos alimentos é sentida através do bloqueio dos canais de potássio nas membranas celulares dos receptores gustativos.

Por outro lado, substâncias químicas que são percebidas como “doces” se ligam a locais específicos de receptores de uma maneira “fechada”, implicando que somente substâncias químicas de uma forma específica podem se “encaixar”. Uma vez que esses produtos químicos são ligados, certas mudanças dentro da célula levam à liberação de neurotransmissores, que consequentemente enviam o sinal para o cérebro. Desse modo, quanto melhor o “ajuste”, maior a “doçura” da substância.

Tá, mas o que isso tem a ver com a água? Ela tem algum sabor?

Por que gostamos tanto de beber água gelada?

Desde a nossa infância, praticamente todos nós aprendemos que a água não tem sabor. No entanto, quando bebemos esse líquido supostamente “sem gosto”, acabamos experimentando um tipo de sensação que, de certo modo, apresenta um certo “gosto” em nossa língua. Por muito tempo, as pessoas simplesmente achavam que isso era proveniente dos sais minerais e de outros sais dissolvidos na água, mas até mesmo a água destilada (pura) tem algo parecido com um “sabor”. Então, o que é responsável por esse “pseudo-sabor” dá água?

Antes de tudo, para um melhor entendimento, é importante deixar claro que a água destilada é supostamente insípida. No entanto, assim que ela é retirada da destilaria, uma certa quantidade de dióxido de carbono e gás oxigênio acaba sendo dissolvida em sua composição. Além disso, se você derramar água pura em um copo, as impurezas presentes no copo (embora se acumulem em pequenas quantidade na maioria das vezes) vão acabar se misturando com a água, alterando ligeiramente o seu sabor.

Outro ponto que merece destaque é que, sempre que comemos alguma comida, certas partículas minúsculas do alimento em questão ficam grudadas em várias regiões da nossa boca. Por isso, no momento em que tomamos o primeiro gole de água, elas podem se misturar, proporcionando à água um sabor diferente.

Então, por que a água gelada é mais “gostosa”?

Por que gostamos tanto de beber água gelada?

Muitos pesquisadores acreditam que a frieza da água acaba suprimindo alguns desses fatores “ruins” que alteram o gosto da água pura, tornando a água gelada bem mais agradável. De fato, qualquer impureza que torne o sabor da água ligeiramente diferente pode ser detectada com muito mais facilidade ela está em temperatura ambiente. Você mesmo pode constatar isso ao colocar um pouco de açúcar ou sal em um copo de água e experimentar a mistura em diferentes temperaturas. Você deverá notar a diferença na sensibilidade imediatamente.

Além disso, quando o corpo fica cansado após uma atividade desgastante ou depois de ficar muito tempo em um lugar bastante quente, a temperatura do corpo tende a aumentar de maneira considerável. Em tal situação, a água fria ajuda a baixar a temperatura do corpo de forma rápida e eficaz, proporcionando uma sensação refrescante em todo esse processo.

Outra possibilidade é o fato de que a preferência pela temperatura mais baixa consumida pode ser algo que cada indivíduo desenvolve ao longo de muitos anos. Por exemplo, uma pessoa que vive nos pólos não costuma gostar de beber uma água tão fria quanto alguém que vive em uma região desértica. Desse modo, como a maioria das pessoas vive em regiões relativamente “quentes”, a preferência pela água gelada parece fazer muito sentido.

Mas ainda que o sabor da água aparente estar relacionado a diversos fatores, como a temperatura e os minerais presentes em sua composição, alguns pesquisadores também acreditam que a preferência pela água gelada pode ser uma questão puramente psicológica. No entanto, essa hipótese ainda não é amplamente compartilhada no meio científico.

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