Os genes determinam quase todos os nossos recursos físicos e não físicos que se fazem presentes nos nossos corpos. Nós herdamos todos os nossos genes dos nossos pais, mas eles nem sempre promovem características muito agradáveis. De fato, algumas pessoas acabam adquirindo condições graves (muitas vezes até com risco de vida) simplesmente devido à herança de “genes indesejáveis”.

A coisa fica ainda mais complexa quando somos capazes de descobrir que certos genes podem promover alterações físicas e comportamentais de formas tão inacreditáveis que você nunca provavelmente nunca imaginou que elas poderiam estar ligadas às questões de hereditariedade.

A seguir, listamos alguns dos genes mais inusitados que podemos herdar dos nossos pais. Você vai ver que a hereditariedade é um assunto muito mais complexo do que parece. Confira!

5. Gene da insônia

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Um estudo envolvendo mais de 113 mil pessoas revelou a existência de sete genes que podem causar insônia. Curiosamente, alguns desses genes já eram conhecidos por causar outras condições desfavoráveis, como depressão e transtornos de ansiedade, de modo que todos esses problemas podem levar à insônia.

Um dos tais genes é o gene MEIS1, que também está associado à síndrome das pernas inquietas e ao distúrbio dos movimentos periódicos dos membros (DMPM). Os portadores desses problemas muitas vezes têm o desejo de mover incontrolavelmente as pernas e outras partes do corpo, levando à insônia e fadiga. Por isso, não é de se admirar que as pessoas com insônia muitas vezes sofram de uma ou mais dessas condições ao mesmo tempo.

4. Gene da violência

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Algumas variantes dos genes MAOA e CDH13 passaram a ser conhecidos no meio científico como supostos “genes guerreiros”, já que estão ligados a vários casos de comportamentos violentos. Um estudo de 2014 realizado por pesquisadores finlandeses revelou que os criminosos com esses genes eram responsáveis ​​por uma taxa entre cinco a dez por cento de todos os crimes cometidos na Finlândia.

Como se isso não fosse assustador o suficiente, os cientistas também constataram que as pessoas com esses genes têm aproximadamente 13 vezes mais probabilidade de se tornarem reincidentes que aqueles sem os genes. De fato, os 900 condenados envolvidos no estudo foram responsáveis ​​por um total de 1.154 assassinatos, tentativas de assassinatos, homicídios e agressões violentas.

No entanto, ter esses genes não garante de modo algum que alguém se torne violento. De fato, os pesquisadores notaram que a maioria das pessoas com os genes nunca se envolveram com o crime. Eles também acrescentaram que os efeitos dos genes podem ser suprimidos com educação adequada.

3. Gene do trauma

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Alguns pesquisadores já chegaram à conclusão de que os pais podem transferir as lembranças de certas experiências traumáticas que sofreram para os seus filhos através de seus genes. Isso foi observado em descendentes de escravos, sobreviventes do Holocausto e veteranos da Guerra do Vietnã, que transferiram geneticamente uma alta incidência de casos de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) para seus filhos.

A pesquisa foi conduzida pela Dra. Rachel Yehuda da Icahn Escola de Medicina Monte Sinai, em Manhattan. A Dr. Yehuda explicou que, quando as pessoas passam por um evento profundamente traumático, elas podem acabar desencadeando certas alterações nos seus genes, de modo que essas mudanças acabam sendo transmitidas aos seus descendentes. A própria Dra. Yehuda, uma judia, fez uma amostragem de vários conhecidos judeus que eram descendentes dos sobreviventes do Holocausto como parte do estudo. No fim do estudo, ela descobriu que seus hormônios se assemelhavam aos de veteranos da guerras.

Além disso, as amígdalas (a parte do cérebro responsável pelo processamento de emoções) dos indivíduos estudados eram excessivamente ativas como a dos veteranos da Guerra do Vietnã. Até mesmo os descendentes de escravos negros também sofriam de problemas semelhantes.

2. Gene do suicídio

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Cientistas também já descobriram uma suposta ligação entre a depressão e o suicídio com o gene RGS2. Um estudo de 2011 conduzido por John Mann, do Instituto Psiquiátrico do Estado de Nova York, revelou que uma variante do gene RGS2 poderia contribuir para o surgimento de casos de depressão, enquanto outra variante poderia tornar as pessoas mais propensas ao suicídio.

Por causa disso, alguns pesquisadores acreditam que o gene RGS2 poderia explicar alguns casos de suicídio entre várias gerações da mesma família. Há suspeitas de que a tal “variante do suicídio” possa estar presente na família do escritor Ernest Hemingway, que cometeu suicídio em 1961, depois de ter tentado acabar com a própria vida no início do mesmo ano. O pai de Hemingway também cometeu suicídio em 1928, assim como a neta do escritor e dois de seus irmãos.

O estudo de John Mann envolveu 412 pessoas que sofriam de casos de depressão já em estágios agravados. Desse grupo, 154 já haviam tentado o suicídio em algum momento do passado. O estudo revelou que 43% das 154 pessoas possuíam variantes suicidas do gene RGS2, enquanto um quinto dos indivíduos tinha “cópias” de uma variante menos suicida. Mas apesar de Mann ter afirmado que a detecção do gene poderia ser usada como um indicador do risco de suicídio de um determinado grupo, ele também acrescentou que o estudo precisaria de mais pesquisas para chegar a uma conclusão definitiva.

1. Gene da infidelidade

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O gene DRD4 é responsável por regular os níveis de dopamina em nossos corpos. A dopamina é uma substância química liberada no cérebro que costuma ser associada a coisas como a motivação e a satisfação sexual. Na prática, nossos corpos a consideram como uma espécie de “recompensa” e é por isso que ela é geralmente liberada quando nos envolvemos em atividades divertidas e prazerosas, como jogos de azar, festas e sexo.

O que pouca gente sabe é que um estudo de 2010 liderado pelo pesquisador Justin Garcia, da Universidade de Binghamton, em Nova York, revelou que uma variante do gene DRD4 pode tornar as pessoas mais propensas a trair seus parceiros. Garcia e sua equipe chegaram a essa conclusão depois de estudar 181 jovens. No fim dos estudos, os pesquisadores descobriram que as pessoas que possuíam o gene eram mais propensas a se envolver em casos de infidelidade.

No entanto, Garcia diz que os parceiros infiéis não devem considerar a presença da variante do gene como uma desculpa para o seu comportamento infiel. O cientista também acrescentou que ter essa variante do gene DRD4 não garante com 100% de certeza que a pessoa irá ser um “mestre da infidelidade”, embora ela realmente seja mais propensa a se envolver em casos do tipo.

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