Atualmente, nós estamos testemunhando uma grande abundância na produção de bens de consumo. Parece que todo santo dia tem algum produto novo sendo lançado, embora boa parte desses lançamentos sejam apenas uma pequena atualização da linha de produtos que vieram antes. De fato, o principal interesse das fabricantes por trás disso é fazer com que as pessoas comprem seus produtos ano após ano, garantindo sua viabilidade financeira e cobrindo os seus custos com pesquisas e desenvolvimento.

Só que, como a lógica determinaria, as pessoas só resolveriam comprar um produto novo se o produto antigo quebrasse ou tornasse incompatível com as novas atualizações feitas pela empresa. É exatamente por isso que muitas empresas surgiram com a ideia de fazer com que os seus produtos adotem uma vida útil previamente determinada, para que as pessoas continuem comprando o mesmo produto ano após ano.

Isso é o que chamamos de “obsolescência planejada”, que por sua vez está enraizada em praticamente todos os produtos populares. Para entender isso melhor, vamos ver quando e onde tudo começou…

Quando se iniciou a obsolescência programada?

o que e obsolescencia programada 1

O início do século 20 presenciou um boom na indústria automotiva, quando Ford, General Motors e Chrysler surgiram como os grandes líderes industriais na década de 1920. A produção em massa de carros permitiu que a maioria da população passasse a possuir um carro pessoal. No entanto, esse momento de bons resultados sofreu uma desaceleração em 1924, de modo que o mercado nacional de automóveis dos EUA começou a ver uma grande saturação na demanda.

Como as vendas precisavam melhorar, a General Motors propôs uma estratégia de mercado na qual desenvolveria um novo modelo de carro todos os anos, o que consequentemente faria com que as pessoas sentissem que precisariam se atualizar. Essa estratégia se mostrou muito eficaz, pois a GM superou as vendas da Ford em 1931, mostrando a potência da obsolescência planejada, que foi adotada com avidez no campo do design de produtos.

Com o passar dos anos, outras empresas desenvolveram estratégias diferentes para reforçar a obsolescência planejada, cujos impactos e usos são facilmente vistos nos dias de hoje e definitivamente estão aqui para ficar.

Como funciona a obsolescência programada na prática?

o que e obsolescencia programada 2

De certo modo, todos os produtos ao nosso redor estão sempre se movendo em direção à deterioração. Portanto, podemos concluir que nenhum produto é projetado para manter a sua função completa para sempre. Na prática, é sempre uma questão de tempo até que eles apresentem problemas. No entanto, alguns produtos são projetados deliberadamente de forma a ter uma vida útil bem reduzida.

Essas decisões são tomadas antes mesmo da fabricação, quando são definidas as especificações de cada componente que será utilizado no produto. A redução artificial da vida útil de um produto é uma estratégia chamada “durabilidade artificial”. Na prática, a diminuição da durabilidade de um determinado produto é feita quando a fabricante usa materiais baratos e frágeis em áreas cruciais.

Além disso, muitas empresas projetam layouts de componentes abaixo do ideal e usam materiais como plástico ou metal de baixa qualidade nas junções principais, o que aumenta a velocidade com que o produto se desgasta. Isso é mais facilmente percebido em brinquedos, que por sua vez podem ter os seus principais componentes destruídos em um curto espaço de tempo, tornando-os praticamente inúteis.

Quais são os casos mais extremos de obsolência programada?

o que e obsolescencia programada 3

Atualmente, muitos dispositivos são fabricados em versões de uso único, mesmo quando podem ser reparados e ter sua vida útil prolongada (como câmeras descartáveis, por exemplo). Esses produtos geralmente são impossíveis de reparar e são completamente selados durante a fabricação, o que no fim das contas é feito para garantir que o dispositivo seja danificado quando alguém tentar repará-lo.

Em outros casos, quando uma determinada parte do dispositivo falha, os fabricantes tornam as peças de reposição indisponíveis ou irracionalmente caras, de modo que não faz sentido consertá-lo do ponto de vista econômico. Isso é comumente visto nas impressoras a jato de tinta fabricadas pela Canon, onde a cabeça de impressão eventualmente apresenta falhas, mas a substituição dessa peça se torna muito cara.

Muitos fabricantes de telefones também podem não permitir que os seus usuários consertem seus telefones. A Apple, por exemplo, chegou a usar parafusos específicos nos seu iPhone 6, que não podem ser facilmente removidos com as ferramentas mais comuns. Assim, eles são feitos para serem difíceis de desmontar deliberadamente, para que o usuário consequentemente danifique o produto e seja forçado a comprar um novo.

O que pode ser feito para tentar combater a obsolência programada?

o que e obsolescencia programada 4

É importante destacar que a obsolescência programada está presente em todos os setores da indústria. De fato, essa filosofia influencia diretamente as decisões das grandes empresas sobre coisas como engenharia e fabricação de produtos. Isso também permite que eles usem os componentes mais baratos de acordo com o ciclo de vida projetado do produto, embora isso também dependa de outros fatores externos.

No fim das contas, a obsolescência planejada ajuda a gerar uma receita regular às empresas e aumenta as vendas de todo o setor, resultando em mais gastos dos consumidores. Infelizmente, esse modelo é insustentável na sociedade, pois continuamos substituindo produtos antigos por novos, em vez de repará-los. A maioria das pessoas não tem ideia de como as empresas brincam com seus instintos e as convencem a comprar coisas que a população em geral realmente não precisa, sob o disfarce de ser algo de “última tendência”.

Por causa de tudo isso, algumas regulamentações estão sendo implementadas em algumas partes do mundo para tentar conter essas estratégias. A União Europeia, por exemplo, aprovou uma legislação em 2015 que exige que os fabricantes de aparelhos declarem a vida útil pretendida de seus produtos e a duração das peças de reposição. Vale destacar que essas leis também são necessárias para reduzir a quantidade de resíduos que produzimos, o que pode tornar o meio ambiente mais sustentável.

E você, já tinha ouvido falar na obsolência programada? Já comprou algum produto que apresentou problemas antes do tempo esperado? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!