Se você costuma assistir vídeos de todos os tipos no YouTube, já deve ter se deparado com alguma filmagem mostrando um teste de impacto de um determinado veículo. Curiosamente, esses vídeos já viraram até mesmo motivo de paródias, muito por conta da intensa movimentação dos manequins que ocorre dentro dos carros. Só que, embora pareçam engraçados, os manequins dos testes de impacto são verdadeiros salva-vidas como parte integrante da indústria automotiva.

Embora os carros fiquem um pouco mais seguros a cada ano e as taxas de mortalidade estejam em declínio, os acidentes de carro ainda são uma das principais causas de morte e lesões em vários países do mundo, incluindo o Brasil. No entanto, o que pouca gente sabe é que uma das razões pelas quais os carros estão ficando mais seguros tem a ver com a detecção de falhas e problemas estruturais através dos testes de impacto.

Ao longo desse artigo, nós vamos explorar o funcionamento dos testes de impacto dos veículos. Você ficará surpreso com a quantidade de preparação e empenho necessários para garantir que carros cada vez mais seguros percorram as estradas mundo afora!

Os manequins usados nos testes de impacto

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O trabalho dos manequins nos testes de impacto é simular um ser humano durante um acidente, ao mesmo tempo em que coleta dados que não seriam possíveis de serem coletados através de um ocupante humano. Os testes de colisão frontal são geralmente realizados usando o mesmo tipo de manequim, o Hybrid III, o que garante resultados consistentes. Esse manequim é construído a partir de materiais que imitam a fisiologia do corpo humano, contando com uma coluna feita de camadas alternadas de discos de metal e almofadas de borracha.

No entanto, os manequins podem apresentar tamanhos diferentes para a obtenção de resultados mais específicos. Por exemplo, o boneco masculino com percentil cinquenta representa um homem adulto de tamanho mediano. De fato, esse é o manequim mais usado nos testes de impacto. Ele pesa 77 kg e tem cerca de 1,78 m de altura. Para o teste de impacto, geralmente são instalados três tipos de instrumentação nos manequins: acelerômetros, sensores de carga e sensores de movimento.

Basicamente, os acelerômetros medem a aceleração em uma direção específica, gerando dados que podem ser usados para determinar a probabilidade de lesão. Já os sensores de carga são responsáveis por medir a quantidade de força em diferentes partes do corpo do manequim durante o impacto. Por último, os sensores de movimento medem o quanto o tórax do manequim desvia durante um acidente. É exatamente por esse motivo que estes sensores são instalados no peito do boneco.

A preparação para o impacto

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Antes que os manequins do teste de colisão sejam colocados no veículo, diferentes cores de tinta podem ser aplicadas às partes dos corpos dos manequins com maior probabilidade de serem atingidas durante a colisão. Desse modo, se os pesquisadores observarem uma movimentação violenta nos dados dos acelerômetros na cabeça do boneco, as marcas de tinta no carro indicarão qual região do corpo atingiu a parte do veículo em questão, ajudando os pesquisadores a desenvolver melhorias para evitar esse tipo de lesão.

Após a colocação dos manequins no veículo, toda a instrumentação no carro e nos bonecos deve ser conectada e verificada. Na maioria dos testes, 15 ou mais câmeras de alta resolução fazem o registro de toda a movimentação dentro e fora do carro.

Em seguida, o carro é afastado da barreira e preparado para a colisão. Uma polia, montada na pista de teste, puxa o carro pela pista até o momento do impacto. Após a batida, cabe aos pesquisadores analisar as imagens e os dados obtidos para determinar uma nota (geralmente de 0 a 5) para cada dispositivo de segurança do carro.

Em busca de veículos mais seguros

Alguns dos itens mais analisados pelos pesquisadores são os pré-tensores dos cintos de segurança e os limitadores de força, pois ambos apertam os cintos logo após o carro bater na barreira, mas antes que o airbag seja acionado. Assim, o cinto de segurança pode absorver parte da sua energia à medida que o manequim avança em direção ao airbag.

No entanto, milissegundos depois da absorção do impacto, a força do cinto de segurança que antes segurava o motorista pode machucá-lo. É exatamente por conta disso que os limitadores de força entram em ação, garantindo que a força nos cintos de segurança não fique muito alta após o impacto. Posteriormente, o airbag é ativado e absorve um pouco mais do seu movimento para a frente, protegendo-o de bater em algo rígido, como o próprio volante.

Outros problemas que costumam resultar em notas baixas para muitos carros incluem altos níveis de deformação tanto na parte frontal quanto nas laterais, falhas estruturais no chassi, estilhaçamento exagerado do para-brisa e ausência de itens de segurança nos assentos para passageiros localizados na parte traseira do veículo.

O desenvolvimento de novas melhorias de segurança

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Nos últimos anos, os airbags ganharam tanta popularidade que passaram a surgir em praticamente todos os lugares dentro dos carros. Obviamente, se eles ajudam a impedir que seu corpo atinja objetos duros durante uma colisão, eles estão fazendo o trabalho deles, mas o fato é que sempre há espaço para melhorias. É por isso que a ênfase atual do mercado automotivo nos equipamentos de segurança está em torná-los “mais inteligentes”.

De fato, o avanço mais recente nos equipamentos de segurança tem sido chamado de “airbag inteligente”. Esses airbags podem ser configurados com diferentes velocidades de acionamento e pressões, dependendo do peso e da posição de assento do ocupante, além da intensidade do acidente. Além disso, estão sendo desenvolvidos cintos de segurança que também podem sentir o peso e a posição dos ocupantes, ajustando automaticamente a tensão e a força máxima de acordo com as características do acidente e das pessoas envolvidas.

Obviamente, muitos carros e manequins ainda serão destruídos nos testes de colisão, mas o fato é que as informações obtidas com esses experimentos significam que você e seus entes queridos terão uma probabilidade cada vez mais alta de sobreviver a um acidente de automóvel com pouca ou quase nenhuma lesão.

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