Na manhã de 18 de agosto de 1590, um grupo de marinheiros de dois navios corsários ingleses, o Moonlight e o Hopewell, desciam em uma praia arenosa antes de entrar em uma longa faixa de bosques abertos. Os marinheiros desembarcaram na ilha Roanoke, território que hoje corresponde ao estado americano da Carolina do Norte, e seu líder era John White, governador do domínio norte-americano comandado pela rainha Elizabeth I.

No entanto, essa não era a primeira vez que John White havia colocado os pés em Roanoke. White havia chegado na ilha com um grande grupo de ingleses para colonizar o local três anos antes. White havia retornado à Inglaterra para obter suprimentos para os colonos que haviam passado o inverno em Roanoke. No entanto, sua viagem de volta à América logo foi assolada por problemas, de modo que, em sua primeira tentativa, seu navio foi capturado por piratas franceses e ele ficou gravemente ferido na luta.

Nesta segunda viagem, White inicialmente tentou encontrar sua filha Eleanor e seu marido, Ananias Dare, e qualquer outro colonizador inglês na ilha. Eleanor e Ananias, assim como a sua jovem neta Virginia, eram membros da colônia que ele havia deixado lá três anos antes. Na ocasião, os marinheiros continuaram remando em torno de Roanoke para ancorar no extremo norte, onde os colonos haviam habitado, mas ninguém respondeu aos chamados de White.

Posteriormente, White descobriu que um novo forte havia sido erguido, mas a essa altura ele já estava abandonado, contendo apenas itens pesados e descartados. Todas as casas do assentamento estavam desmanteladas e nenhum dos 117 membros da colônia perdida jamais foi localizados. Com tudo isso, o caso da colônia de Roanoke se transformou no maior mistério não resolvido das histórias compartilhadas entre Inglaterra e os EUA.

A primeira chegada na ilha

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Mapa da época mostrando a região da costa explorada pelos colonizadores britânicos.

Curiosamente, o grupo de civis de White não havia sido a primeira colônia que a Grã-Bretanha havia enviado para a Ilha Roanoke. Depois que seu meio-irmão Sir Humphrey Gilbert se afogou em uma viagem para o “Novo Mundo”, a rainha Elizabeth transferiu a carta de colonização da América do Norte para Sir Walter Ralegh, embora Elizabeth não permitisse que Ralegh liderasse expedições. No entanto, não demoraria muito para que Ralegh voltasse a sua atenção especialmente para a costa da Carolina do Norte.

Em 1584, um único navio inglês chegou à costa e logo foi guiado por povos nativos para a Ilha Roanoke. Com base em sua breve visita, Roanoke foi descrita como uma terra cheia de culturas e acolhimento por parte dos índios, o que lhe rendeu o apelido de “Novo Éden”. No entanto, logo descobriu-se que, embora a terra até tivesse alguns atrativos, ela estava longe de ser um paraíso, pois suas águas costeiras rasas eram inadequadas para os navios de guerra.

Além disso, a relação surpreendente amistosa com os índios havia tomado outros rumos. Na primavera de 1586, os colonizadores passaram a ser ameaçados por tribos locais cada vez mais hostis, que esperavam desesperadamente receber os suprimentos prometidos. Consequentemente, os colonizadores iniciais resolveram retornar à Inglaterra.

A segunda colônia

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Batismo de Virginia Dare, a primeira criança inglesa nascida no Novo Mundo.

Os navios da segunda colônia chegaram à costa de Roanoke no verão de 1587. Lá, surgiu uma disputa entre o capitão, que comandava no mar, e o governador, que assumia o comando em terra. White relatou mais tarde que Ralegh o havia instruído a levar os colonos para o norte, até a baía de Chesapeake, que pensava ser uma base melhor para os corsários e mais próxima das fontes de cobre nas montanhas. No entanto, o capitão logo se recusou a levar os passageiros mais longe.

Quando o grupo chegou, eles encontraram o assentamento de Roanoke vazio e com os índios bastante hostis. Para agravar a situação, um acidente havia causado a deterioração de grande parte dos suprimentos de alimentos. Antes de partir novamente para a Inglaterra para buscar mais suprimentos e resolver pendências governamentais, White testemunhou dois eventos importantes: o nascimento de sua neta Virgínia, a primeira criança inglesa nascida no “Novo Mundo” e a posse como Lorde de Roanoke do líder nativo Manteo.

Os dois eventos foram vistos por White e todos os presentes como o início de uma população de origem colonial que contava com a integração de índios nas estruturas políticas e religiosas. No entanto, o retorno de John White em 1590 revelou que esse “novo paraíso” havia sido apenas um sonho. A essa altura, não havia colônia, população britânica e nem mesmo os índios nativos no local. Um dos poucos detalhes que havia no local era a palavra “CROATOAN”, gravada em um dos troncos da paliçada que cercava o forte.

White e seu grupo interpretaram aquilo como um sinal de que a população poderia ter se deslocado para uma ilha chamada Croatoan. Inicialmente, White pretendia velejar até a ilha Croatoan para verificar se os colonos realmente estavam lá, mas problemas com as embarcações e a ameaça de uma grande tempestade inviabilizaram seu propósito. No dia seguinte, a frota resolveu voltar à Inglaterra e White jamais retornou à Roanoke.

O que teria acontecido com a Colônia Perdida?

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Pesquisa arqueológica na região da Colônia Perdida.

O que aconteceu com a colônia de 1587 permanece sendo um grande mistério até os dias de hoje, o que rendeu várias hipóteses sobre o possível destino dos colonos. A principal das hipóteses diz que os colonos provavelmente se misturaram e foram absorvidos ou pelos índios da região, croatanos ou hatteras, ou por algum outro povo algonquino.

Outra teoria bastante difundia especula que os colonos simplesmente desistiram de esperar a chegada dos suprimentos (possivelmente por conta da fome) e tentaram retornar à Inglaterra por conta própria, perecendo na tentativa. Essa teoria é sustentada pelo fato de que, quando o governador White partiu em 1587, ele deixou vários barcos pequenos para os colonos para a exploração da costa e uma possível mudança da colônia para a região continental.

Por último, também há quem teorize que os navegadores espanhóis destruíram a colônia, pois eles já haviam destruído duas colônias francesas, uma também na Carolina do Sul e outra localizada nas proximidades da moderna Jacksonville, na Flórida. No entanto, esta teoria é um tanto improvável, visto que por volta de 1600 os espanhóis ainda estavam procurando a localização da fracassada colônia inglesa, dez anos depois de White ter descoberto que os colonos haviam desaparecido.

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