Há uma década, uma descoberta intrigante foi feita no topo da Cordilheira dos Andes: 13 camundongos mumificados foram encontrados em um ambiente inóspito, caracterizado por rochas, neve e temperaturas que raramente ultrapassam os 0ºC. Localizada a 6 mil metros acima do nível do mar, essa região apresenta uma atmosfera tão rarefeita que torna a respiração difícil.

Inicialmente, os cientistas acreditavam que esse habitat fosse excessivamente hostil para sustentar qualquer forma de vida. Dada a semelhança das condições no topo dos vulcões andinos com as encontradas em Marte, surge a questão de como esses roedores chegaram lá e conseguiram prosperar.

Descoberta Surpreendente: Roedores Mumificados no Pico dos Vulcões Andinos

Descoberta Surpreendente: Roedores Mumificados no Pico dos Vulcões Andinos

Por volta de 2013, montanhistas que escalavam o vulcão Llullaillaco, com seus 6,6 mil metros de altura, na fronteira entre Chile e Argentina, avistaram um fenômeno intrigante: um pequeno roedor deslizando pela neve. Em 2020, cientistas retornaram ao pico para confirmar a descoberta e conseguiram capturar um rato de cauda amarelada vivo.

Esse exemplar ganhou notoriedade como o mamífero que habita a maior altitude do mundo, estando a mais de 600 metros acima das plantas de maior altitude na região. Desde então, pesquisadores da Universidade de Nebraska expandiram sua busca pelos chamados “camundongos de grande altitude” em 21 picos dos Andes.

Em um estudo recente publicado na revista Current Biology, o líder da pesquisa, Jay Storz, e sua equipe relataram a descoberta de restos mumificados de 13 ratos com orelhas em formato de folha em cumes de três vulcões distintos. A pesquisa sugere que a criatura capturada em 2020 não foi um caso isolado, indicando a presença de comunidades de roedores nessas condições adversas.

Os cientistas também levantaram várias questões intrigantes, incluindo como e por que esses ratos chegaram a essa região do mundo. Datações por radiocarbono sugerem que os roedores dos vulcões Salín e Copiapó tinham apenas algumas décadas de idade, enquanto as amostras do Vulcão Púlar tinham no máximo 350 anos.

No passado, arqueólogos sugeriram que os primeiros ratos podem ter sido levados aos vulcões pelos Incas, seja intencionalmente ou não, já que os Incas eram conhecidos por realizar peregrinações a esses locais para sacrifícios humanos e animais. Contudo, o novo estudo indica que os Incas visitaram essas regiões centenas de anos antes dos ratos descobertos habitarem lá.

Descoberta Surpreendente: Roedores Mumificados no Pico dos Vulcões Andinos

Descoberta Surpreendente: Roedores Mumificados no Pico dos Vulcões Andinos

Devido à liofilização dos animais, um processo que envolve a desidratação a frio, os cientistas conseguiram extrair o DNA e compará-lo com o material genético de outros ratos da mesma espécie que habitavam regiões mais baixas e na área central do Atacama.

“Nossos dados genômicos indicam que os ratos dos cumes e os dos flancos ou da base dos vulcões no terreno desértico circundante são todos uma grande família feliz”, disse Storz em comunicado oficial. Isso sugere que os camundongos dos Andes escolheram esse ambiente por vontade própria — uma região que a NASA já utilizou como campo de treinamento na busca por vida em Marte.

Como próxima etapa, Storz e sua equipe planejam continuar investigando como essas criaturas conseguem prosperar nessa parte hostil do mundo e realizar novas pesquisas sobre a fisiologia desses pequenos animais.