A fazenda Hinterkaifeck sempre foi um lugar solitário. Localizada entre as cidades bávaras de Ingolstadt e Schrobenhausen, o local foi palco de um dos crimes mais chocantes da Alemanha e nunca chegou a ser solucionado.

Hinterkaifeck era o lar da viúva Viktoria Gabriel (35), seus dois filhos, Cazilia (7) e Josef (2), seus pais Andreas Gruber (63) e Cazilia Gruber (72) e a empregada da casa Maria Baumgartner (44). A família era conhecida por se bastante reclusa. Ainda assim, os vizinhos ficaram preocupados em 1 de abril de 1922, quando a pequena Cazilia não apareceu na escola e a família inteira não havia ido à igreja onde Viktoria fazia parte do coral. A essa altura, as correspondências para a família começaram a se acumular no correio local. Em 4 de abril, os vizinhos da família decidiram investigar. Lorenz Schlittenbauer, um agricultor que morava por perto, liderou o grupo de busca.

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Vista panorâmica da fazenda.

O que eles descobriram provavelmente assombrou-os pelo resto de suas vidas. No celeiro, o grupo encontrou quatro corpos brutalmente agredidos cobertos de feno. Dentro da casa, eles descobriram os corpos de Josef, de 2 anos, e da empregada Maria Baumgartner. Esse era, inclusive, o primeiro dia de trabalho de Maria na casa. A empregada anterior havia abandonado o emprego um dia antes do massacre, pois alegava que o lugar era assombrado.

Os relatórios das autópsias da família, conduzidos pelo médico Dr. Johann Baptist Aumüller, mostravam um cenário aterrorizante. A senhora Cazilia mostrava sinais de estrangulamento e sete golpes na cabeça, o que a deixou com o crânio rachado. O rosto de seu marido, Andreas, estava coberto de sangue e suas maçãs do rosto estavam dilaceradas. O crânio de Viktoria também havia sido esmagado. Sua cabeça apresentava nove feridas “em formato de estrela” e o lado direito de seu rosto tinha sido atingido por um objeto não-pontiagudo. O maxilar inferior da jovem Cazilia tinha sido despedaçado e seu rosto estava coberto de feridas abertas e circulares.

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Corpos das vítimas no celeiro.

Enquanto o senhor Cazilia, Andreas e Viktoria provavelmente morreram instantaneamente com golpes de picareta, a autópsia descobriu que a jovem Cazilia provavelmente permaneceu viva e agonizando por várias horas após seu ataque. Ela tinha rasgado o próprio cabelo em tufos.

Dentro da casa da fazenda, o pequeno Josef e a empregada Maria tiveram um destino semelhante. Maria foi morta por golpes cruzados na cabeça em seus aposentos e Josef por uma forte pancada no rosto enquanto estava em seu berço no quarto de Viktoria. Assim como os corpos no celeiro, os deles também estavam cobertos: Maria estava com seus lençóis e Josef com um dos vestidos de sua mãe. Os animais da fazenda e um cão de guarda permaneceram ilesos. O mais bizarro de tudo isso é que os animais foram tratados e alimentados nos dias que se passaram entre os assassinatos e a descoberta dos corpos.

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Corpo de Maria no chão de seu próprio quarto.

Além dos corpos no feno e dos lençóis usados ​​para cobri-los, nada havia sido mexido no local, embora o assassino claramente permaneceu na fazenda por vários dias alimentando os animais, fazendo refeições e acendendo a lareira. Quando a polícia questionou a ex-empregada sobre sua crença de que a propriedade era assombrada, ela disse que tinha chegado a essa conclusão depois de constantemente ouvir sons no sótão e sentir uma sensação inquietante de estar sendo observada.

Embora Andreas não acreditasse na teoria dela, ele contou aos vizinhos dias antes da tragédia que tinha descoberto pegadas na neve que vinham da floresta para a direção de sua casa e nenhuma das pegadas aparecia no sentido contrário, ou seja, voltando para a floresta. Ele também havia afirmado ter ouvido alguns barulhos de passos no sótão e ter encontrado um jornal desconhecido dentro da propriedade.

Para tornar as coisas ainda mais estranhas, uma das duas chaves da família desapareceu pouco antes do assassinato. Isso combinado com as pegadas, os sons no sótão e uma chaminé soltando fumaça nos dias seguintes ao crime, sugerem que um intruso impiedoso que poderia ter residido na casa. A polícia inicialmente suspeitou que se tratava de um roubo cometido por alguns viajantes de má reputação na região, mas a teoria foi logo derrubada depois que grandes quantias de dinheiro foram encontradas dentro da casa.

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Caixões contendo os corpos das vítimas.

O outro suspeito da polícia era Karl Gabriel, marido de Viktoria, que tinha sido dado como morto em 1914 durante a Primeira Guerra Mundial. A morte dele havia sido posta em dúvida, já que seu corpo nunca foi encontrado. Os oficiais acreditavam que ele poderia ter sobrevivido e que, após retornar para a região, tivesse algum motivo para assassinar a esposa, filhos e sogros. Alguns vizinhos acreditavam na teoria de que o menino Josef era fruto de uma suposta relação incestuosa entre Viktoria e seu pai. Isso poderia ter motivado Karl a cometer os crimes, mas como o soldado nunca mais foi visto depois de sua ida para a batalha nas trincheiras francesas, essa suspeita também não gerou resultados.

Apenas uma coisa poderia ser declarada com algum grau de certeza: os crimes tinham sido cometidos por alguém que conhecia o caminho em torno da fazenda Hinterkaifeck. A brutalidade dos assassinatos sugeria que eles haviam sido cometidos por alguém com um desejo de vingança pessoal contra um ou vários dos Grubers. Mas a polícia na época não conseguiu respostas e acabou encerrando o caso.

O caso Hinterkaifeck foi reaberto várias vezes nos últimos 95 anos, mas sem grandes avanços. Em 1923, a fazenda foi demolida e a família foi enterrada em um terreno em Waidhofen.

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Memorial da família próximo do local do crime.

Por causa das técnicas forenses relativamente básicas empregadas durante a investigação original, assim como as evidências faltantes e as mortes posteriores de alguns suspeitos, eles não conseguiram identificar conclusivamente o assassino e o caso Hinterkaifeck continua sendo um dos mistérios mais macabros da história.

Que caso sinistro, não é mesmo? Comente!!!