O modo de vida sugerido pela modernidade e era de informação rápida tem facilitado nossas vidas em muitas atividades (como, por exemplo, a rapidez na criação, veiculação e acesso ao texto que vocês, caros TriCuriosos, podem conferir agora), porém o aumento nas demandas em várias áreas de nossas vidas, ao mesmo tempo, têm criado uma sobrecarga e stress emocional e psicológicos muito grandes para nossos ombros, o que pode levar a consequências catastróficas, a médio e longo prazo. Uma dessas sobrecargas é definida pelo distúrbio de personalidade denominado Borderline.
(OBS: Deixamos claro que o texto a seguir é informativo, portanto, avisamos que é muito arriscado a tomada de decisões de forma precipitada, sem o auxílio médico devido.)
Visão geral e Sintomas
Pessoas com Borderline (“Borderline Personal Disorder“, “Distúrbio de Personalidade Borderline“, ou mesmo pela sigla BPD) podem experienciar diversas mudanças repentinas de humor ao longo de seus dias, inclusive uma enorme incerteza quanto a seus próprios sentimentos e como se veem diante do mundo frente a seus olhos. Como resultado, seus interesses e valores podem mudar muito rapidamente. Devido a isto, tendem a ver as coisas de forma extrema, sejam boas ou ruins, de acordo com seus pontos de vista. Suas opiniões a respeito de outras pessoas também mudam com muita rapidez. Por exemplo, um indivíduo visto como amigo pode ser considerado como traidor ou inimigo de uma hora para outra. Estas mudanças de sentimentos podem levar a relacionamentos intensamente instáveis.
O pensamento da pessoa com borderline costuma ter apenas duas nuances que tendem aos extremos. A imagem ilustra uma pessoa com linha de pensamento comum (“Normal Thinking“), com várias nuances de cores, que representam as várias possibilidades que consideram em suas decisões, já o pensamento borderline (“Borderline Thinking“), no qual há apenas preto e branco, o que indica pensamentos “8 ou 80”.
Outros sinais incluem:
- Esforços para evitar abandonamentos (sejam reais ou mesmo imaginados), tais como iniciar relacionamentos íntimos (física ou emocionalmente) com outras pessoas ou cortar comunicações com alguém por antecipação a um suposto abandono;
- Um padrão de relacionamentos intensamente instáveis, independente de ser com familiares, relacionamentos amorosos ou amizades que variam constantemente entre idealizações até a uma repulsa extrema e raiva (desvalorização);
- Auto-imagem e senso do próprio “eu” instável, distorcido;
- Comportamentos impulsivos e, por vezes, perigosos como a gastos exorbitantes e desnecessários, sexo sem segurança, abuso no uso de determinadas substâncias (nem sempre incluindo o uso de drogas), direção imprudente. Porém, deve-se prestar atenção, caso tais comportamentos ocorrerem primariamente durante um período de humor extremamente elevado, no qual pode ser caracterizado como distúrbio de humor, não borderline;
- Comportamento auto-destrutivo, como se cortar;
- Ameaças e pensamentos recorrentes (ou ameaças) de suicídio;
- Episódios marcados por intensas mudanças de humor que duram de algumas horas à alguns dias;
- Sentimentos crônicos de vazio;
- Problemas que envolvem episódios nos quais a pessoa não consegue controlar sua raiva apropriadamente;
- Dificuldade em confiar nas pessoas, acompanhada de medo irracional das intenções destas;
- Sentimentos de dissociação, tais como sentimentos de irrealidade, ver-se fora do próprio corpo, ou ser tirado de si mesmo.
Fatores de Risco
A causa deste transtorno de personalidade ainda não é claro, porém pode ser associado à diversos fatores, tais como:
- Histórico Familiar: Pessoas que tiveram familiares próximos com Borderline possuem grande risco de desenvolverem o transtorno;
- Fatores cerebrais: Estudos apresentam que pessoas com distúrbio de personalidade borderline podem apresentar mudanças nas estruturas e funções cerebrais, especificamente em áreas referentes ao controle de impulsos e regulação emocional. Porém, não é claro se tais mudanças alteram os fatores de risco para o distúrbio, ou se são causados pelo mesmo;
- Fatores culturais, sociais e o ambiente: Muitos com borderline registram eventos traumáticos em suas vidas tais como abuso, abandono, adversidades durante a infância e outros, podem ter sido expostos a relacionamentos instáveis, hostis, nos quais se sentiam desvalorizados.
Por mais que tais fatores aumentem o risco de desenvolvimento do transtorno, isto não significa que a pessoa desenvolverá o distúrbio ao certo.
