Ao longo da história, as alianças internacionais e as configurações dos mapas geopolíticos foram submetidas a várias mudanças. Por conta disso, muitos dos relacionamentos entre nações puderam ser fortalecidos ou até mesmo destruídos ao longo de uma única geração.

Usando um exemplo bastante atual, temos o Japão e os Estados Unidos, que juntos mantêm um excelente relacionamento. De fato, os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Japão, o que dá uma boa projeção sobre o clima de camaradagem entre americanos e japoneses atualmente. No entanto, em meados do século XX, o Japão acabou se tornando o inimigo dos EUA na guerra mais mortal que o mundo já viu: a Segunda Guerra Mundial.

No dia 7 de dezembro de 1941, os militares japoneses executaram um ataque surpresa à base de Pearl Harbor, a principal base do Pacífico da Marinha dos Estados Unidos. Mais de 2.000 soldados foram mortos na ocasião, sendo que o nível de destruição atingiu uma escala que não havia ocorrido de forma semelhante no solo americano em gerações. Então, por que o Japão atacou Pearl Harbor?

Um país com objetivos ambiciosos

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Para compreendermos as motivações que levaram a esse ataque surpresa (que inclusive fez os americanos entrarem de vez na Segunda Guerra Mundial), precisamos olhar para a história e a dinâmica do Japão no início do século XX. A era Meiji da história japonesa começou em 1868 e foi marcada por ambições políticas e pelo desejo de tornar o país uma força poderosa em um mundo em rápida industrialização.

Em uma tentativa de escapar de suas tradições feudais e ser reconhecido como uma potência mundial, o Japão se abriu às influências sociais, políticas, industriais e culturais das nações ocidentais, uma mudança até surpreendente em relação ao resto do mundo. No meio do período Meiji, o Japão foi vitorioso em duas guerras diferentes, a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-1895) e a Guerra Russo-Japonesa (1904-1905), o que estabeleceu o país como uma potência militar respeitada e também tornou o Japão um membro ideal das forças aliadas na Primeira Guerra Mundial.

Embora a participação dos japoneses nessa guerra fosse limitada ao Pacífico e a certas partes da China, eles finalizaram o conflito do lado vencedor. Como resultado, o Japão conseguiu uma forte presença em termos de comércio e influência na Europa e na Ásia.

A mudança radical na política japonesa

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Apesar de todo esse posicionamento político do Japão explicado no parágrafo anterior, o começo da Primeira Guerra Mundial marcou o fim do período Meiji, o que levou a uma mudança na ideologia geopolítica dos japoneses. Embora o Japão tivesse se tornado mais liberal e mais voltado às questões democráticas, o país também era uma das nações atingidas pela Grande Depressão, de modo que a crescente pressão para impulsionar a economia levou à ascensão de líderes militares com tendências duvidosas, dando lugar ao período Showa, no qual o Japão abraçou o totalitarismo, o nacionalismo e o fascismo.

Enquanto o Japão observava os EUA e outras potências aumentando suas participações nos mercados asiáticos, os japoneses tentaram mostrar a força da nação em 1937 através da invasão a um território chinês conhecido como Manchúria. Embora a guerra inteira tenha sido sangrenta, o Massacre de Nanjing foi o evento que mais se destacou por conta da sua brutalidade, mudando amplamente as opiniões internacionais sobre o Japão.

Por conta de toda a polêmica envolvida no mundo geopolítico, os Estados Unidos, em um esforço para conter as crescentes e brutais ambições do Japão, impuseram sanções econômicas e passaram a fornecer apoio aos inimigos do Japão. Como resposta, o Japão se aliaria à Alemanha e à Itália 1940, formando o eixo fascista da Segunda Guerra Mundial.

A estratégia expansionista dos japoneses

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Mesmo com o início oficial da Segunda Guerra Mundial em 1939, os Estados Unidos não estavam inicialmente interessados em entrarem na disputa. A grande maioria dos americanos era contra a ideia de entrar na guerra e, talvez ainda mais importante, os Estados Unidos estavam se beneficiando economicamente com o conflito, já que a sua produção e venda de equipamentos e armas para os europeus tinha aumentado.

Portanto, de setembro de 1939 até dezembro de 1941, os Estados Unidos permaneceram “neutros” com relação à guerra. No entanto, uma peça-chave da estratégia global dos países do Eixo incluía o Pacífico, sendo o Japão o país que mais estava de olho em vários territórios nessa região. Os Estados Unidos possuíam vários territórios e bases navais na área, de modo que uma agressão japonesa inevitavelmente se oporia aos interesses americanos.

Na prática, isso deixava no ar uma crença de que um conflito maior seria inevitável, de modo que ambos os países acabariam entrando em guerra. Foi exatamente a partir daí que os japoneses passaram a olhar a base de Pearl Harbor de um modo diferente.

A execução do ataque

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Para fragilizar os EUA e dizimar sua força naval, fazendo com que os americanos fossem incapazes de defender o Pacífico, o Japão decidiu executar um ataque surpresa na maior base dos EUA no Pacífico, a base de Pearl Harbor. Na manhã de 7 de dezembro de 1941, mais de 350 aeronaves japonesas atacaram os navios de guerra, cruzadores e destroyers americanos. Mais de 2.400 pessoas foram mortas no ataque, sendo que inicialmente o ataque parecia ter sido um sucesso total para o Japão.

No entanto, o que parecia ter sido um golpe devastador para a frota americana, na verdade serviu como um gatilho que desencadeou toda a fúria da máquina de guerra dos EUA. Antes do ataque, os americanos não tinham grandes motivações para entrar na guerra, mas Pearl Harbor unificou e motivou o país. O patriotismo varreu os Estados Unidos, fazendo com que centenas de milhares de homens se inscrevessem voluntariamente para lutar. Em quatro dias, os EUA aderiram à guerra com apoio maciço dos cidadãos do país.

No fim das contas, como respostas aos ataques em Pearl Harbor, os Estados Unidos atacariam o Japão através das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, o que ajudaria a selar a derrota dos japoneses junto aos seus aliados alemães e italianos. E o resto, como dizem, é história!

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