Você já viu um pássaro azul? Um sapo com tons azulados? Ou até mesmo uma borboleta de asas azuis? Se sim, já deve ter percebido que esses animais são impressionantemente bonitos, não é mesmo? No entanto, se você pensar bem, nós geralmente não encontramos muitos deles. De fato, há uma boa chance de que você pode não ter visto mais de dois ou três pássaros com asas azuis em toda a sua vida. Então, o que você acha que poderia ser a razão por trás disso?

Na verdade, muitos dos pigmentos coloridos não são produzidos nos corpos de muitos seres vivos. Na maioria dos casos, os animais consomem várias coisas em sua dieta que ajudam na fabricação desses pigmentos. No caso dos flamingos, que nascem cinzentos, a dieta que eles consomem consiste basicamente em camarões, o que os ajuda a ficar rosados! No entanto, esse efeito não é visto na cor azul. Então, como os pássaros ou borboletas obtêm sua cor azul característica?

Ao longo desse artigo, nós vamos explorar alguns fatores que ajudam a explicar por que a cor azul é tão raramente encontrada na natureza.

A explicação para a raridade da cor azul nos animais

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Embora certos pigmentos como vermelho, marrom, laranja e amarelo geralmente sejam provenientes da comida que os animais comem, esse não é o caso do azul. De fato, o azul que você vê na natureza geralmente nem sequer é um pigmento real. Na verdade, quando o azul aparece na natureza, ele costuma estar relacionado a outras razões além da pigmentação. Em muitos animais, essa cor azul é derivada da estrutura das moléculas e da maneira como elas refletem a luz.

Por exemplo, as borboletas azuis do gênero Morpho (que você pode reconhecer facilmente através do emoji de borboleta do seu smartphone) apresentam essa cor pelo fato das suas escamas de asas serem moldadas de um certo modo que fazem com que a luz solar se incline de tal maneira que a luz azul chega aos nossos olhos mais facilmente. Se as escamas tivessem um formato diferente ou se algo diferente estivesse preenchendo as lacunas entre elas, o azul não seria visível.

Pássaros azuis, como o gaio-azul, passam por um processo semelhante, mas com pequenas diferenças. Na prática, cada uma das suas penas é composta de camadas microscópicas que dispersam a luz, exceto a luz azul. Ou seja, a cor azul em qualquer animal (incluindo os olhos azuis de alguns seres humanos) ocorre devido a algum tipo de reflexo de luz desse tipo. A única exceção é a borboleta obrina de asa oliva, que é o único animal conhecido na natureza capaz de produzir um pigmento azul.

É possível “perder” a cor azul?

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Com tudo isso em mente, algumas pessoas podem pensar que se mudássemos o índice de refração das asas das borboletas, ou seja, se mudássemos o ângulo em que a luz se curva ao passar pelas poderia alterar o índice de refração da luz e, consequentemente, promover a dispersão da luz azul. Essa ideia até é interessante, até porque todo material tem seu próprio índice de refração, pois inclina a luz em diferentes ângulos, o que em tese significa que até mesmo a água poderia alterar tal ângulos.

Então, se esse fosse o caso, essas borboletas perderiam a cor assim que chover, certo? Bem, a resposta é um belo “não”! Na verdade, graças à evolução, as asas das borboletas são feitas de um material naturalmente resistente à água! Ou seja, as escamas das asas são cobertas com um revestimento hidrofóbico que as ajuda a permanecer secas, impedindo a dispersão da luz azul.

A curiosa relação entre plantas e a cor azul

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Como você já pode ter imaginado, a escassez de azul como um pigmento também pode ser vista em todo o mundo das plantas. Curiosamente, as plantas azuis geralmente usam um pigmento vermelho chamado antocianina por produzir as suas características azuladas. Sim, você leu corretamente! Na prática, as plantas ajustam a antocianina misturando-a com outros pigmentos ou moléculas para produzir a cor azul.

Às vezes, elas também podem usar mudanças de pH para ajustar a cor. Através de mudanças de pH e uma mistura de pigmentos, combinada com o reflexo da luz natural, as plantas são capazes de obter a aparência de uma cor azul natural. Essa é a razão pela qual plantas como hortênsias e glórias-da-manhã aparecem em vários tons de azul mesmo quando, na verdade, não contam com um pigmento azul verdadeiro.

Os cientistas ainda estão tentando entender a genética por trás desse processo para replicá-lo com outras plantas com flores. Em tese, isso poderia nos fornecer um conhecimento maior sobre o desenvolvimento das estruturas e colorações das plantas ao longo de toda a história.

Ou seja…

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Podemos concluir que a cor azul é rara na natureza porque os compostos que absorvem essa faixa específica do espectro eletromagnético são extremamente raros e difíceis de produzir biologicamente. A maioria dos produtos químicos na natureza absorve os raios na faixa ultravioleta, de modo que para obter um composto azul, muitas espécies precisam um composto posteriormente seja “convertido” em azul.

Por causa disso, quando o azul aparece na natureza, a sua origem geralmente está relacionada a outras razões além da pigmentação comum. No entanto, embora a evolução não tenha sido capaz de desenvolver um processo específico de produção de pigmentos azuis para cada organismo, ela realmente conseguiu forneceu uma maneira de “replicar” o efeito, seja através da estrutura das moléculas ou da maneira como elas refletem a luz. Ou seja, essa questão biológica foi resolvida pela física simples!

Sendo assim, teremos que esperar e ver se encontramos algum animal capaz de produzir algum tipo de pigmento azul ou esperar que os cientistas possam desbloquear os mecanismos da genética das plantas para simplesmente criar pigmentos azuis por aí.

E você, já tinha notado essa peculiaridade da natureza? Compartilhe o post e deixe o seu comentário logo abaixo!