Escondida em algum lugar na Montanhas Brancas da Floresta Nacional Inyo, no leste da Califórnia, está a árvore comumente considerada a mais antiga do mundo, Matusalém, um pinheiro do tipo bristlecone que já passou dos 4.800 anos de idade. Para se ter uma ideia, essa árvore era uma pequena muda quando as Grandes Pirâmides do Egito ainda estavam sendo construídas!

Com o passar do tempo, ela amadureceu junto com a humanidade e a civilização e, se pudesse falar, provavelmente teria alguns conselhos importantes para compartilhar com todos nós. Compare a idade dessa árvore com as pessoas mais velhas do mundo, e você logo verá que as nossas vidas parecem um mero pontinho irrelevante na linha do tempo do mundo.

Mas, afinal de contas, o que faz com que árvores como esse pinheiro bristlecone consigam viver por milhares de anos, enquanto a expectativa de vida máxima dos animais mal pode passar de algumas centenas de anos? Como elas desafiam a mortalidade? São essas as questões que vamos abordar ao longo desse artigo!

O curioso equilíbrio entre envelhecimento, longevidade e morte

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Para muitos de nós, o envelhecimento é sinônimo de rugas e dores nas articulações que resultam do declínio natural da vitalidade. No entanto, o envelhecimento não é necessariamente algo ruim para todos os organismos. Muitos animais, especialmente insetos que morrem logo após o acasalamento, não chegam a falecer particularmente idosos. Na verdade, é o ataque inevitável dos agentes ao nosso redor que prejudica a integridade das células vivas, resultando na senescência.

Basicamente, a senescência é o processo natural de envelhecimento ao nível celular. Em outras palavras, a senescência é quando as células param de se dividir e crescer sem ocasionar a morte celular. A senescência pode ocorrer devido a fatores estressores ou por conta de danos ao DNA. De fato, sem a divisão correta das células, nenhum novo tecido consegue ser formado, tornando o envelhecimento algo totalmente inevitável.

É por isso que, quando as pessoas da comunidade científica falam sobre estudar o envelhecimento, elas geralmente falam sobre estudar a senescência, pois querem entender não apenas como viver mais, mas também como viver melhor, sem as doenças e rugas que acompanham o envelhecimento. Obviamente, isso traz à tona a inevitabilidade da morte, até porque todas as formas de vida provavelmente morrerão. Mas embora não exista imortalidade, algumas coisas chegam muito perto disso.

De certo modo, a árvore Matusalém é um bom exemplo sobre toda essa questão. Outros seres, como a água-viva Turritopsis dohrnii, também vivem por centenas de anos, sendo que eles fazem isso através da regeneração de células-tronco, retornando a um estado imaturo. No entanto, esses mecanismos, observados também em outros animais, não são o que confere longevidade às árvores. Na verdade, as árvores conseguem viver mais porque conseguem levar a vida de um jeito mais “lento”.

A importância de levar a vida de um jeito mais “lento”

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Uma das coisas mais irônicas do mundo é o fato de que, quando se trata da corrida da vida, os seres mais lentos tendem a ser os mais longevos (tome a tartaruga como um bom exemplo disso). No entanto, cada animal tem uma longevidade adequada ao seu tipo de vida. Por exemplo, os insetos podem viver apenas algumas semanas, mas isso já é o suficiente para produzir mais insetos minúsculos antes da morte. Os seres humanos conseguem viver até um máximo de 122 anos, mas a expectativa média mundial de vida dos seres humanos é de apenas 72 anos, de acordo com a OMS.

No caso das árvores, uma muda de pinheiro bristlecone de 40 anos mal consegue atingir 15 cm de altura, mesmo com toda essa idade. Por outro lado, muitos seres humanos aos 40 anos já estão passando por uma crise de meia-idade. O mais interessante disso tudo é que as árvores com tendências de longevidade tendem a crescer aproximadamente na mesma proporção que as mudas mais jovens. Em outras palavras, a questão é que não importa se o seu desenvolvimento seja lento, desde que o seu crescimento seja constante.

Outro ponto que merece destaque é que, embora não costumamos ouvir muito sobre isso, as plantas têm células-tronco como nós. Essas pequenas populações de células, chamadas meristemas, dão às plantas a capacidade de crescer e alteram o seu comportamento de crescimento de acordo com o acionamento de mecanismos internos. Na prática, as populações de células meristemáticas podem se dividir ou não, dependendo das condições ambientais.

Desse modo, quando as condições são bastante favoráveis, como quando o solo é bem regado e o clima não é muito quente ou frio, a planta ativa suas células meristemáticas e cultiva novos galhos. No entanto, se as condições forem secas e áridas, muito quentes ou muito frias, essas células poderão ficar dormentes até que a planta tenha recursos adequados para crescer novamente. Esse processo pode ser um tanto lento, mas como foi dito anteriormente, o mais importante no quesito longevidade é a constância, não a rapidez.

Uma palavra final

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Em 2012, o Serviço Florestal dos Estados Unidos anunciou uma outra árvore como possivelmente sendo mais antiga que Matusalém. Aparentemente, a nova campeã teria cerca de 5.062 anos! Embora essas árvores pareçam velhas e enrugadas, elas contêm muitas informações sobre a história da Terra e seu potencial futuro.

Por conta disso, cientistas estão analisando como o estudo dos anéis das árvores pode clarificar eventos passados relacionados às mudanças climáticas, bem como as maneiras pelas quais as árvores estão respondendo às mudanças atuais que ocorrem em nosso ambiente. De fato, cientistas acreditam que as árvores mais antigas, com seu sistema radicular expansivo e cobertura arbórea, podem ser as peças-chave para entender melhor o funcionamento de vários ecossistemas espalhados ao redor do globo.

Por último, vale mencionar que as plantas até podem não envelhecer da mesma forma que os animais, mas isso não é a única característica interessante sobre elas. As árvores velhas podem parecer enrugadas por fora, mas suas células ainda podem ser relativamente jovens, sem falar que essas plantas antigas nos fornecem muita sabedoria mundana, são uma parte importante da história da Terra e merecem nosso respeito e proteção.

Quem diria que algumas árvores poderiam viver por tanto tempo, não é mesmo? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!