Se você tem um filho adolescente, sabe como pode ser um tanto frustrante tentar educá-lo. Se você não tem filhos passando por essa fase, talvez seja capaz de lembrar dos tempos em que agia contra a autoridade no auge da sua adolescência. De qualquer maneira, o ponto principal é que o comportamento dos jovens geralmente costuma dar uma guinada na adolescência, dando origem a um comportamento de características um tanto “rebeldes”.

Mas será que existe uma razão pela qual os adolescentes tendem a demonstrar essa mudança claramente rebelde em seu comportamento, independente da cultura onde estão inseridos? É exatamente essa a questão que vamos abordar ao longo desse artigo!

As motivações neurológicas e hormonais por trás da rebelião adolescente

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Tentar prever as ações e intenções dos adolescentes parece ser um esforço fútil, mas o fato é que realmente há uma certa razão por trás da rebeldia dos jovens. Embora a experiência de cada indivíduo seja diferente, assim como os fatores que atuam sobre cada pessoa, existem algumas causas comuns por trás do comportamento às vezes frustrante da juventude cheia de revolta.

De fato, um dos períodos mais dramáticos do crescimento e do desenvolvimento humano ocorre durante a adolescência. Não apenas as mudanças imprevisíveis da puberdade ocorrem nesse espaço de tempo, mas o desenvolvimento neurológico também passa a funcionar de uma maneira bastante complexa entre os 13 aos 19 anos. Mais notavelmente, o córtex pré-frontal do cérebro passa a se solidificar nessa faixa, sendo que ele está intimamente ligado ao desenvolvimento da personalidade ao raciocínio lógico e à estrutura da fala.

Como essas habilidades se desenvolvem rapidamente, é natural que os jovens passem a praticá-las. O raciocínio lógico e uma maior habilidade de raciocínio e fala equivale a uma capacidade de argumentar com mais eficácia. Além disso, partes do cérebro como o tronco cerebral, o lobo occipital, o lobo parietal e o cerebelo também se desenvolvem nesse período, afetando desde o processamento da linguagem e a solidificação da fala até a capacidade de memória que moldam a personalidade característica dos adolescentes.

Como se tudo isso já não fosse suficiente, os adolescentes também experimentar uma grande descarga de novos hormônios na região do hipotálamo. As meninas experimentam um aumento no estrogênio, enquanto os meninos recebem grandes doses de testosterona. Desse modo, as meninas começam a menstruar, crescem seios e desenvolvem os quadris, enquanto os meninos desenvolvem testículos e pelos pubianos, além da voz grossa e pelos faciais.

Consequentemente, como seus corpos estão mudando rapidamente e seus cérebros estão reagindo essencialmente aos novos produtos químicos em tempo real, as emoções aumentadas e os níveis mais altos de reação e espontaneidade são compreensíveis, dada a complexa carga de alterações hormonais no corpo dos adolescentes.

O fator da indefinição de uma nova identidade

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Uma criança pequena tem muito pouca autonomia, o que faz sentido, uma vez que a maioria das crianças é altamente dependente dos pais ou responsáveis antes da adolescência. Desse modo, a comida que elas comem, os lugares que vão, os brinquedos com os quais brincam e o entretenimento que consomem são essencialmente escolhidos por outra pessoa. Por outro lado, na adolescência, a capacidade de fazer suas próprias escolhas é finalmente concedida, de modo que os adolescentes passam a querer criar sua própria identidade.

Sendo assim, em vez de confiar na orientação e no controle de seus pais, os adolescentes passam a experimentar coisas novas para determinar o que se encaixa em sua personalidade crescente. Em alguns casos, os jovens vão para o extremo oposto de tudo o que haviam conhecido ou aprendido anteriormente, dando origem a uma rebeldia flagrante.

Semelhante ao ponto explicado acima, as crianças pequenas vivem sob a autoridade e o olhar constante dos responsáveis, de modo que elas podem ser disciplinadas por não irem para a cama na hora certa, fazer birras, por não jantar, desenhar nas paredes ou provocar os irmãos mais novos, de modo que a ameaça ou a aplicação da disciplina geralmente é eficaz até o início da adolescência. No entanto, à medida que os adolescentes aumentam sua capacidade de raciocinar, argumentar e questionar, isso pode gerar um grande conflito.

Na prática, os adolescentes sentem menos medo de receber algum tipo de disciplina por parte dos seus pais, até porque os adolescentes começam a reconhecer seus pais como pessoas normais, longe de serem “perfeitas”. O problema é que, ao agir contra a autoridade, sejam pais, professores ou até mesmo contra a própria polícia, os adolescentes podem acabar passando dos limites, levando-os a violar regras e a experimentar coisas que antes eram consideradas proibidas.

A busca por atenção e aceitação

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Também é importante mencionar que os adolescentes tendem a apresentar um certo desejo de aceitação, o que faz muito sentido do ponto de vista psicológico. As crianças, por exemplo, geralmente são aceitas naturalmente por seus pais e irmãos, mas a busca pelo estabelecimento da aceitação social só começa a sério durante a adolescência. Por conta disso, se um adolescente quiser ser aceito por outras pessoas, ele deve alterar suas ações para “se encaixar” em determinado grupo, o que pode ser uma surpresa para os pais.

Assim, é possível notar que, a partir da adolescência, contar apenas com a aceitação familiar já não é mais suficiente. Nessa faixa etária, os adolescentes passam a querer conhecer outras pessoas ao mesmo tempo em que desejam ser aceitos por elas, o que pode resultar em uma notável fluidez nos seus padrões de comportamento e até mesmo em sua “bússola moral” durante esses anos de desenvolvimento pleno da sua personalidade.

É exatamente por conta disso que muitos adolescentes anseiam por atenção, ao mesmo tempo em que tentam fazer com que as pessoas percebam seus traços de personalidade e suas realizações com o objetivo de serem reconhecidos como indivíduos mais maduros. No entanto, especialmente para adolescentes com irmãos mais novos, sua independência também significa receber menos atenção de seus pais, podendo levar os adolescentes a buscar validação e atenção a partir de seus colegas ou de outras fontes externas.

Por conta disso, ser pai de um adolescente não é uma tarefa fácil, mas também não é algo impossível. Cada pessoa é diferente, mas é importante entender que algumas das causas mais comuns da rebeldia adolescente são coisas absolutamente comuns e naturais dos seres humanos. Desse modo, tentar ver as coisas da perspectiva dos próprios adolescentes pode ser útil para compreendê-los melhor.

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