Se você já visitou alguma praia, é bem provável que, durante suas longas caminhadas na areia, você já deve ter notado algumas criaturas bastante inusitadas ao seu redor. Entre todas essas criaturas estranhas, uma consegue se destacar com louvor: a estrela-do-mar. Esse animal não só tem um nome enigmático, mas também possui uma anatomia bastante interessante.

O que mais costuma chamar a atenção é a sua habilidade de locomoção, já que as estrelas-do-mar não possuem pernas como nós, seres humanos. De fato, poucos animais são espertos o suficiente para aproveitar a água a seu favor como as estrelas-do-mar, sendo que isso pode ser totalmente provado com o seu engenhoso sistema de movimento.

Basicamente, a locomoção das estrelas-do-mar gira em torno da interação da água com os pés ambulacrais, sendo que uma única estrela-do-mar possui milhares desses pés em sua superfície inferior. Assim, quando a água entra nos canais dentro do corpo de uma estrela-do-mar, ela eventualmente atinge esses pés, dando origem a uma série de procedimentos de contração e relaxamento que deslocam o animal de um lugar para outro.

No geral, a locomoção das estrelas-do-mar ocorre dessa forma, mas ao longo desse post nós vamos dar uma olhada em alguns tópicos específicos para entendermos isso através de um ponto de vista mais técnico.

Conhecendo melhor as estrelas-do-mar

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Como você provavelmente já deve ter reparado, as estrelas-do-mar não possuem muitas similaridades com as outras criaturas que habitam os mares. Além de não possuírem uma forma aerodinâmica, elas também não contam com nadadeiras para se locomover pela água. Isso acontece por que, cientificamente falando, uma estrela-do-mar é, na verdade, um ser equinoderme.

O termo equinoderme vem do idioma grego e significa “pele de porco-espinho”. Na verdade, esse termo é usado para descrever um filo inteiro de classificação zoológica, sendo que vários outros animais famosos se enquadram nessa categoria, como os polvos.

As estrelas-do-mar são animais marinhos que geralmente são encontrados em fundos arenosos ou lamacentos dos oceanos, rastejando sobre rochas e conchas. Mas o fato é que, seja nas áreas de formação das marés ou nas águas mais profundas, essas criaturas podem ser encontradas em praticamente todos os lugares marítimos. Já em termos de alimentação, as estrelas-do-mar são considerados seres carnívoros, o que significa que elas se alimentam de outros animais menores, incluindo pequenos crustáceos e moluscos.

Em uma superfície dura, como pedras ou areia, as estrelas do mar se movem muito lentamente. Eles aderem firmemente a essas superfícies com seus pés ambulacrais, criando um vácuo. Mas o que é mais interessante com relação à sua locomoção, seja na terra ou na água, é que tudo isso está estritamente ligado a um conjunto de elementos interligados chamado “sistema hidrovascular”.

O sistema hidrovascular das estrelas-do-mar

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Para entendermos como a locomoção das estrelas-do-mar funciona na prática, precisamos olhar primeiramente para a anatomia geral dessas criaturas, mas não se preocupe, pois essas estrelas marinhas não são organismos muito complexos. De fato, elas não têm sistemas corporais tão elaborados como o nosso.

O sistema hidrovascular é o principal responsável pela locomoção de todos os seres equinodermes, incluindo a estrela-do-mar. Basicamente, o sistema hidrovascular é um sistema de canais dentro do corpo do animal que interage com a água do mar. O sistema hidrovascular também contém a madreporite, que é uma placa em forma de peneira localizada na superfície inferior da estrela-do-mar.

A madreporite tem poros muito pequenos que filtram a água e a transferem para o canal pétreo, que fica ao lado. Então, o canal pétreo se conecta ao canal circular. Através da estrutura ligada a esse canal, mais canais surgem e terminam em cada pé da estrela do mar. Estes dão origem aos chamados canais radiais, que se alinham a duas fileiras duplas de pés ambulacrais, que por sua vez são conectados aos canais por meio de elos tênues, dando origem às conexões chamadas de canais laterais.

A engenhosa locomoção à base da própria água

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Embora o funcionamento de todo esse sistema de canais possa parecer um tanto intimidador, tudo fica mais claro quando você considera o movimento da água. Basicamente, o sistema hidrovascular é fundamental para a locomoção das estrelas-do-mar, pois envolve todo um processo de pressão hidráulica, que puxa a água. Todos os pés ambulacrais têm uma estrutura inchada chamada ampola, que termina em uma base mais fina que é composta por ventosas que ajudam essas criaturas a ficarem “grudadas” ao chão.

Quando a água é levada para dentro deste sistema através de minúsculas partes parecidas com pelos, ela viaja da madreporite através do canal pétreo, do canal circular, dos canais radiais e, finalmente, dos canais laterais. Isso eventualmente atinge a ampola, onde a água é mantida na maior parte do processo.

Quando a ampola se contrai, ela força a água em sair em uma determinada direção, gerando o deslocamento do animal de acordo com o seu posicionamento. Depois de atingir a posição em que deseja permanecer, a ampola relaxa, de modo que esse relaxamento origina a atuação das ventosas, que criam um vácuo e ajudam a aderir a estrela do mar à superfície. Ou seja, ainda que o movimento seja lento e cheio de detalhes, ele consegue ser bastante eficaz!

Uma outra coisa interessante a se notar é que o sistema hidrovascular das estrelas-do-mar sempre vive em estado funcional. Assim, uma estrela do mar pode se deslocar de um lugar para outro sempre que quiser e não precisa esperar que a movimentação das ondas dos oceanos mude de direção. De certo modo, isso ajuda a mostrar como é interessante pensarmos que algumas coisas que estão bem diante dos nossos olhos não são apreciadas como deveriam. As estrelas-do-mar certamente se encaixam nessa categoria!

As estrelas-do-mar são seres muito interessantes, não é mesmo? Compartilhe o post e deixe o seu comentário!