Se você é um entusiasta do mundo esportivo, já deve ter percebido que parece haver uma certa vantagem no desempenho das equipes que jogam “em casa”. De fato, já foi constatado consistentemente, não apenas em esportes coletivos, como futebol, futebol americano e basquete, mas também em esportes individuais, como o tênis, que os jogadores vencem com mais frequência quando jogam nos seus próprios domínios.

Para se ter uma ideia, um estudo constatou que o futebol demonstrou apresentar a maior vantagem para os times que jogam em casa, com equipes vencendo 67,4% de seus jogos nos seus próprios estádios, enquanto os números de basquete, tênis, hóquei, futebol americano, críquete e beisebol variaram de 55% a 65%.

Mas, afinal de contas, se nem sempre as dimensões do campo nem as regras do jogo mudam com a troca de local, então o que dá a qualquer equipe uma vantagem quando esta joga no seu próprio campo?

Bem, a famosa vantagem de jogar é causada por muitos fatores que afetam coletivamente as condições físicas e mentais dos atletas. Mas para compreender isso da melhor forma, vamos tentar entender primeiramente os fatores mais óbvios, ao mesmo tempo em que também abordamos as causas menos aparentes por trás de tais vantagens!

O papel da torcida no desempenho do time mandante

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Imagine que você está entrando em um estádio cercado por milhares de pessoas torcendo por você, aplaudindo e comemorando cada jogada sua. Incrível, não é mesmo? Agora, imagine que você é um jogador do time visitante, sem ter o apoio da multidão e podendo até ser xingado a todo momento. Complicado, não? Pois bem, há quem possa argumentar que os atletas profissionais são hábeis em manter o foco e não deixar que tais coisas os afetem, mas esse nem sempre é o caso.

O efeito da torcida é uma das principais causas por trás da vantagem dos mandantes nos esportes. No geral, o número de espectadores e seu comportamento podem ter um enorme impacto mental no desempenho dos atletas. Milhares de pessoas incentivando os jogadores da equipe da casa podem aumentar a confiança dos atletas, motivando-os a elevar seus talentos ao máximo. Da mesma forma, se a equipe estiver jogando abaixo das expectativas, a vibração da multidão pode impulsionar os jogadores a tentar melhores jogadas.

Além disso, é interessante notarmos que a torcida também tende a influenciar as decisões da arbitragem em favor do time da casa. O apoio massivo da torcida que o time da casa recebe muitas vezes coloca os árbitros em uma situação difícil, por mais que eles tentem negar isso. No fim das contas, as zombarias e os aplausos dos torcedores podem pressionar o árbitro a ser mais brando com o time da casa, e por boas razões!

O número de ataques aos árbitros por fãs enfurecidos não pode ser negligenciado. Em 2016, um torcedor irritado atacou brutalmente o árbitro assistente durante um jogo profissional de futebol turco, quando o time da casa, o Trabzonspor, estava perdendo por 4 a 0. É por isso que, em uma tentativa de evitar irritar a torcida, alguns árbitros tendem a ter um pequeno viés a favor do time da casa.

Os efeitos do deslocamento para a realização do evento e a familiaridade com o local

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Viajar longas distâncias coloca os atletas sob um estresse físico e psicológico. Isso é especialmente percebido no caso de partidas intercontinentais (como as Copas do Mundo), durante as quais os atletas devem viajar por diferentes fusos horários. Por outro lado, a equipe da casa permanece em sua zona de conforto, sem ter que sofrer nenhuma interrupção nos horários regulares de treinamento, sono ou qualquer outra coisa. Portanto, a equipe da casa sempre obtém uma vantagem sobre a equipe visitante no quesito deslocamento.

Além disso, os atletas visitantes também precisam jogar em um ambiente desconhecido, onde muitas vezes nem tem certeza do que vão comer e se a cama do hotel é tão confortável quanto a que costumam dormir. Para piorar a situação, a equipe da casa possui um melhor consciência espacial e referências visuais devido à familiaridade com o local. Assim, os jogadores da equipe mandante já estão familiarizados com as nuances do local, como condições climáticas específicas, direção do vento e posição do sol, que podem favorecê-los.

As desvantagens de jogar em casa

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O apoio massivo da torcida que a equipe mandante tende a desfrutar também pode ter um efeito colateral: a pressão por um melhor desempenho. Embora a torcida possa motivar os atletas a apresentar um melhor desempenho e alcançar maior sucesso, às vezes isso pode ter o efeito oposto, fazendo com que os jogadores tenham medo de fracassar, o que pode torná-los super cautelosos.

Curiosamente, o culpado por trás disso é o cortisol, conhecido como “o hormônio do estresse”. Em um estudo realizado com jogadores de hóquei no gelo, verificou-se que os níveis de cortisol, assim como os níveis de testosterona, também são maiores antes de um jogo em casa do que antes de um jogo fora. Além disso, sabe-se que o cortisol reduz o desempenho dos atletas e causa uma resposta de “asfixia”, mesmo em situações em que a vitória é considerada iminente.

Em essência, se um jogador experimenta uma vantagem ou desvantagem em casa depende da quantidade de ambos os hormônios envolvidos. Um nível mais alto de cortisol pode facilmente superar os efeitos positivos da testosterona. Portanto, a vantagem de jogar em casa devido a um aumento na concentração de testosterona pode ocorrer apenas quando os níveis de cortisol também são relativamente baixos.

Desse modo, fica claro que, embora a equipe da casa tenha uma vantagem natural devido a alguns fatores fora do controle de qualquer jogador, o tamanho dessa vantagem depende muito da calma dos atletas e de como eles lidam com as alterações hormonais e psicológicas que ocorrem em seus corpos durante os jogos.

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