Durante um longo período de tempo, um número significativo de pesquisadores acreditava plenamente na alquimia, a ideia de que você pode transformar praticamente qualquer coisa em diferentes tipos de metais, principalmente o ouro, o mais valioso deles. Naquela época ninguém iria te chamar de louco se você estivesse tentando transformar uma roupa que tivesse a mesma cor do ferro em uma barra de ferro propriamente dita. Entre essas pessoas obstinadas estava Hennig Brand, um alquimista alemão do século XVII que decidiu que coisas que compartilham uma mesma cor poderiam estar relacionadas de alguma forma.

Um dia, ao fazer uma pausa nos seus estudos e ir ao banheiro, Hennig Brand percebeu que o xixi era mais ou menos da mesma cor do ouro. Foi a partir dessa constatação que Brand decidiu embarcar em seu mais ambicioso experimento que tinha como objetivo acumular e ferver enormes quantidades de urina humana na esperança que, de alguma forma, essa mistura bizarra produzisse ouro.

Se você está nesse exato momento zombando da “criatividade” do excêntrico Hennig Brand, é melhor rever seus conceitos! Isso porque o que ele encontrou no final do processo se tornaria algo largamente utilizado ao redor do mundo.

Embora o método exato usado por Brand seja ligeiramente discutível, é provável que ele tenha inicialmente deixado a urina no sol por várias semanas. Após isso, ele ferveu o líquido (agora rançoso) até virar uma substância espessa. Depois de todo esse processo de ebulição e remoção de outros produtos químicos, sobrou apenas uma substância inflamável que brilhava no escuro e ardia com uma chama brilhante. Brand acabava de descobrir o fósforo.

hennig brand o homem que mudou o mundo ao tentar transformar urina em ouro 1

Pedaço de material produzido com fósforo branco, a descoberta de Brand.

Pensa só que interessante: o fósforo é uma substância química que usamos em várias aplicações, desde palitos de fósforo a remédios e eletrônicos complexos, e tudo isso só foi possível por causa de um cara que ficou trancado em um porão escuro enquanto fervia o seu próprio xixi. Claro que ele provavelmente teria preferido o surgimento de algum ouro, mas o conhecimento que Hennig Brand deixou para toda a humanidade é proveitosa até os dias atuais.

Brand morreu no início do século XVIII sem receber o devido crédito por sua descoberta. Felizmente, para ele, cartas encontradas por sua segunda esposa, Margherita, comprovariam mais tarde todos os seus esforços, ainda que bem depois de sua morte. Sendo assim, da próxima vez que você tiver que ir ao banheiro, lembre-se que graças ao xixi um homem se tornou a primeira pessoa desde a antiguidade a descobrir um elemento.

Uma descoberta feita de um modo bem bizarro, não é mesmo? Deixe o seu comentário! 😀