No norte do Japão é possível encontrar vários monges japoneses mumificados conhecidos pela prática Sokushinbutsu, onde eles causavam suas próprias mortes de uma maneira que resultava em sua mumificação. A técnica foi realiza pela primeira vez por um sacerdote chamado Kuukai há mais de 1000 anos no complexo do templo do Monte Koya, em Wakayama. Kuukai foi o fundador da seita Shingon do budismo, que surgiu com a ideia de que a iluminação poderia ser alcançada através do castigo físico. Uma mumificação bem-sucedida poderia levar mais de dez anos.
Acredita-se que centenas de monges tentaram desenvolver a técnica, mas apenas cerca de 24 mumificações desse tipo foram descobertas até hoje. O processo começava com o monge comendo uma dieta especial de nozes e sementes durante mil dias. Ao mesmo tempo, ele participava de sessões de atividades físicas rigorosas que tiravam a sua gordura corporal. Ele então passava a comer apenas cascas e raízes por mais mil dias e depois bebia um chá venenoso feito da seiva da árvore Urushi, normalmente usada na produção de tigelas.
Tudo isso causava vômitos e uma rápida perda de fluidos corporais, que no final das contas deixava o corpo tão venenoso que nem os vermes poderiam comê-lo posteriormente. Por último, o monge se trancava em um túmulo de pedra um pouco maior que seu corpo, onde ele ficava imóvel na posição de lótus. Sua única conexão com o mundo exterior era um tubo de ar e um sino. Todos os dias, o monge que praticavam a auto-mumificação tocava o sino para avisar aqueles que estavam do lado de fora que ele ainda estava vivo.
Quando o sino parava de tocar, o tubo era removido e o túmulo era finalmente selado. Depois que o túmulo era fechado, os outros monges no templo esperariam mais mil dias para abri-lo novamente e ver se a mumificação tinha sido bem sucedida. Caso a mumificação do monge ocorresse com sucesso, ele era imediatamente considerado um Buda e era colocado no templo para ser visto por outras pessoas.
Vale destacar que as múmias eram colocadas em exposição nos templos com os mesmos acessórios que tinham antes da morte, mas seus olhos eram removidos. Mesmo assim, acreditava-se que eles eram capazes de enxergar as almas dos vivos e de perceber a realidade perfeitamente. Ao longo dos anos a prática foi sendo abandonada e atualmente é proibida pelo governo do Japão.
Ritual muito curioso, não é mesmo? Deixe o seu comentário!