Na minha opinião, uma das mais curiosas formas audiovisuais de se fazer é a dublagem. Pense bem, imagine como é adaptar um idioma dentro de outro idioma visual em horas e horas de diálogo, como em um filme? A dublagem é realmente fascinante, mas nem sempre ela esteve entre nós. Primeiramente, os filmes com som só começaram a surgir depois de 1927.

Após o lançamento de “The Jazz Singer”, veio um grande desafio pela frente. Como fazer uma regionalização de um filme, fazendo com que qualquer um possa ver? Claro, para parte de quem está familiarizado com a leitura, um filme legendado é uma boa solução.

The Jazz Singer (1927)

Mas e um filme infantil, por exemplo? Uma animação focado em crianças de 4 anos, por exemplo, não poderia ser trazido para a nossa língua por legendas. Porém, os filmes com a possibilidade de dublagem só vieram 3 anos depois, em 1930, com o filme The Flyer de Edwin Hopkins e Jacob Karol onde as vozes eram gravadas em estúdio, possibilitando a alteração das mesmas.

Pensando nisso, a Walt Disney Studios trouxe pela primeira vez um longa metragem com dublagem brasileira em 1938. O filme? Você deve conhecer bem, “Branca de Neve e os Sete Anões”, sendo lançado no dia 10 de janeiro de 1938, com 19 dias de atraso de lançamento em comparação ao lançamento norte-americano, quase nada na época.

O que impressionou até mesmo a própria Walt Disney estadunidense foi a precisão da dublagem, mesmo com os equipamentos precários comparados aos americanos. Cenas com mais eco, por exemplo, precisavam ser gravadas no banheiro, pois não existiam efeitos sonoros bons o suficiente para realizar isso.

Mas como sempre damos nosso jeitinho brasileiro, a dublagem ficou excelente! A dublagem tinha as vozes de Dalva de Oliveira e Maria Tati Jacome nas canções, cantoras famosas na época. Mas o mais curioso da dublagem foi que ela não existe mais. Sim, a dublagem brasileira de 1938 se perdeu com o tempo, sem nenhum registro nos acervos da Disney ou de algum cinema. A versão que você deve ter visto é a redublagem, do ano de 1965, que possuía Cybele Freire nas canções e Maria Alice Barreto nas falas. O mais próximo que temos da versão original foi um LP contendo algumas das músicas da dublagem original, lançado em 1943.

Mas e você? Conhecia a história por trás da primeira dublagem brasileira? Não? Deixe aqui nos comentários!