Seja em filmes ou em livros, você provavelmente já se deparou com alguns exemplos de antigos hieróglifos egípcios. Este sistema de escrita, que tem mais de 5.000 anos de idade, usava símbolos ao invés de letras como o nosso alfabeto moderno. O termo hieróglifo é o resultado da junção de duas palavras gregas: ἱερός (hierós) “sagrado”, e γλύφειν (glýphein) “escrita”.

No antigo Egito, as pessoas que escreviam com hieróglifos eram chamadas de escribas. Além deles, apenas membros da realeza, sacerdotes e pessoas com cargos de alto escalão sabiam ler e escrever utilizando esses sinais, já que eram considerados sagrados.

No início, esse sistema era usado principalmente para produzir inscrições formais em paredes de túmulos e templos, mas como os hieróglifos demoravam muito tempo para serem escritos, os escribas desenvolveram técnicas mais fáceis de redigir os seus registros. O modelo hierático usava as mesmas bases, porém adicionava uma variação mais cursiva e podia ser pintado em papiros e placas de argila. Anos mais tarde, com a influência grega crescendo na região, a escrita evoluiu para o estilo demótico, onde os hieróglifos começaram a ficar mais bonitos e estilizados, adaptado dos sinais gregos.

demotico

Escrita demótica.

Quando os arqueólogos descobriram os primeiros hieróglifos em antigas pirâmides e tumbas egípcias, eles não conseguiam ler e interpretar o modelo de escrita rudimentar. Este foi um problema que durou por muitos anos. Até que 1799, uma pedra foi encontrada no Egito e ela possuía a chave para desvendar todo esse mistério.

A Pedra de Roseta, chamada assim devido ao nome da área em que foi achada, foi descoberta pelas tropas de Napoleão quando invadiam o Egito. A pedra tinha o mesmo texto escrito em três tipos de linguagem: grego, demótico e hieróglifo. Como os acadêmicos podiam ler documentos gregos e demóticos, eles podiam comparar e estudar as versões para descobrir como os hieróglifos funcionavam. Jean-François Champollion, linguista e egiptólogo francês, conseguiu completar a tradução na década de 1820. Ela se referia a um decreto de Ptolomeu V Epifânio, rei do Egipto entre 205 a.C. a 181 a.C.. Hoje, a Pedra de Roseta está exposta no Museu Britânico em Londres.

hieroglifos rosetta

Pedra de Roseta em exposição no museu.

Os estudiosos aprenderam que os hieróglifos eram bastante complexos. Embora a escrita hieroglífica consistisse em imagens, ela era mais fonética (baseada nos sons de uma linguagem, como o nosso alfabeto ) do que simbólica. Os hieróglifos são compostos de três tipos diferentes de glifos (símbolos). Os glifos fonéticos funcionam como letras do alfabeto. Os glifos logográficos representam unidades individuais de significado, como prefixos, sufixos ou palavras curtas. Já os glifos determinantes ajudam a diminuir o significado específico dos glifos fonéticos e logográficos.

Vários acontecimentos levaram ao desaparecimento dos hieróglifos. O principal, foi a mistura cultural intensa da civilização egípcia que mudou totalmente a língua e a escrita da região. O cristianismo também foi responsável pela extinção da escrita, ainda que indiretamente. Como a linguagem tinha relação com os deuses antigos, a igreja católica a considerava pagã e acreditava que ela não deveria ser utilizada.

Hoje, a escrita hieroglífica é considerada uma escrita morta. Mas toda a sua trajetória contribuiu, e muito, para a formação das linguagens das antigas gerações, e consequentemente, para a qual usamos diariamente no nosso cotidiano.

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