No ano de 2003, uma das maiores aeronaves já projetadas e construídas decolava pela sua última vez. Após 27 anos de serviço, um dos aviões mais famosos do mundo, o Concorde, era aposentado. Isso sinalizou o fim do transporte de passageiros em aeronaves supersônicas, pelo menos por enquanto. Mas a questão que fica é: por que um avião tão inovador acabou não tendo o sucesso esperado?
O Concorde era um projeto desenvolvido conjuntamente entre o Reino Unido e a França. Ele foi pioneiro em várias tecnologias, incluindo a adesão de entradas de ar controladas por computador. Um salto muito significativo na aviação da época. Essa inovação permitia que a aeronave alcançasse uma velocidade maior que 2.000 km/h, tornando-se o primeiro avião de passageiros supersônico. Com todas essas melhorias, ele era capaz de voar longas distâncias na metade do tempo normal.
A característica que mais chamava atenção em um Concorde, além das asas, era o seu nariz longo e caído. Essa inovação permitia ao piloto um bom campo de visão durante pousos e decolagens. Além disso, esse interessante recurso de design tornou o avião instantaneamente popular entre a mídia e os passageiros.
A história do Concorde começa em 1962 quando o francês Geoffroy de Courcel e o britânico Julian Amery assinam um tratado para a produção do avião supersônico anglo-francês. Sete anos depois, Brian Trubshaw fez seu primeiro voo no protótipo britânico. No mesmo ano, o primeiro voo supersônico do Concorde era realizado com sucesso em 1º de outubro de 1969. Seus primeiros voos comerciais ocorreram no dia 21 de janeiro de 1976. A British Airways voava de Londres para o Bahrein e a Air France voava de Paris para o Rio de Janeiro. Entre 1976 e 2000, o Concorde serviu como um entretenimento entre os super-ricos e os fanáticos por aeronaves.
Mas apesar de suas inovações em engenharia, o jato Concorde não tinha uma boa eficiência de combustível. Seu alto consumo forçava as empresas aéreas a buscar uma solução mais econômica. Para se ter uma ideia, a aeronave tinha uma capacidade total de 100 passageiros, mas consumia a mesma quantidade de combustível que um Boeing 747 que podia transportar até seis vezes mais pessoas. Além disso, as companhias tinham que treinar pilotos e funcionários da manutenção especialmente para esse tipo de avião, o que acabava gerando custos altíssimos.
Outro fator que levou ao abandono do Concorde era o fato de que ele também era absurdamente barulhento. Quando a aeronave quebrava a barreira do som, um estrondo ecoava por toda a região onde ele passava. Vários moradores reclamavam do som ensurdecedor do Concorde e alguns desses habitantes supostamente tiveram até mesmo janelas de vidro quebradas por conta disso.
Mas o forte golpe que viria a enterrar o projeto de vez ocorreu em 25 de julho de 2000. Um dos Concordes da Air France que faria a rota Paris-Nova Iorque se acidentou logo após a decolagem, causando a morte de 113 pessoas. A aeronave que realizaria o voo 4590 da Air France apresentou chamas sob a sua asa esquerda logo após deixar o chão, levando a uma falha no motor nº 2. Os pilotos tentaram realizar um pouso de emergência, mas a perda de potência dos motores tornou a missão impossível e o avião acabou caindo nos arredores de um hotel na cidade de Gonesse, matando todos a bordo e quatro pessoas em solo.
Investigações revelaram que o acidente foi causado por uma peça que se desprendeu de um outro avião e caiu na pista do aeroporto minutos antes da decolagem do Concorde. Ao se chocar com esse detrito, o avião sofreu uma ruptura no tanque de combustível, que por sua vez pegou fogo ao entrar em contato com as partes quentes do motor. Após o acidente, o Concorde até passou por algumas modificações tentando retornar as atividades. Mas em 10 de abril de 2003, Air France e British Airways decidiram em conjunto encerrar os voos comerciais da aeronave.
Assim, podemos concluir que o seu alto custo de manutenção, a péssima eficiência de combustível, o transtorno causado pelo seu barulho e o acidente fatal na França foram os fatores determinantes no fracasso do projeto. Durante um período de treze anos foram fabricados vinte Concordes, sendo que dezessete desses estão expostos em aeroportos e museus aeroespaciais.
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